A Venezuela é um dos cinco países mais mal avaliados no combate ao contrabando de mercadorias, revela um estudo global publicado nesta quinta-feira (7) no Panamá. O Brasil ocupa a 59ª posição entre 84 nações.
Apresentado pela revista britânica The Economist, o Conselho Empresarial para o Entendimento Internacional (BCIU, na sigla em inglês) e a ONG Aliança Transacional para Combater o Contrabando (Tracit), o relatório coloca a Venezuela, país mergulhado em uma profunda crise econômica, política e social, no 80º lugar.
Essas organizações vão apresentar um índice com o qual pretendem mostrar quais países possibilitam ou previnem o tráfico de drogas, pessoas, animais, pirataria e mercadorias falsificadas.
Os índices se baseiam em uma série de indicadores relacionados com políticas de governo, transparência, comércio, eficiência aduaneira e corrupção, entre outros.
A Venezuela, de um ranking sobre 100, tem uma pontuação de apenas de 28,1, à frente apenas de Laos (26,8), Mianmar (22,6), Iraque (14,4) e Líbia (8,6).
"A Venezuela é um Estado falido. Os países precisam de instituições e, se não são instituições legais, serão ilegais", explicou à AFP Irene Mía, diretora editorial global da Unidade de Inteligência da The Economist.
"Quando há uma situação de crise, o comércio ilegal também aumenta, porque as pessoas compram por onde podem", acrescentou Mía.
Segundo o estudo, a Venezuela e os demais países com baixa pontuação compartilham "a baixa qualidade de suas instituições estatais".
O relatório ainda aponta que o país sul-americano, bem como Rússia e China, não cumpre os "padrões mínimos" para a proteção de vítimas do tráfico de pessoas, nem "estão fazendo os esforços" para reverter a situação.
"O que é importante é ter instituições fortes e capacidade para implementar as leis. A corrupção é um dos elementos mais facilitadores do comércio ilícito", apontou Mía.
- Alerta com zonas francas -
A Finlândia encabeça o índice (85,6), seguida por Reino Unido (85,1), Estados Unidos (82,5), Nova Zelândia (82,3) e Austrália (81), em uma lista que os 20 primeiros lugares têm 13 países europeus e nenhum latino-americano ou africano.
No caso da América Latina, Chile (69,1), Argentina (64), Uruguai (63), Colômbia (61,6) e Costa Rica (60,6) são os países mais bem preparados para combater o tráfico ilícito, ao contrário de Paraguai (43,3), República Dominicana (42,7), Trinidade e Tobago (38), Belize (34,7) e Venezuela (28,1). Em 59º lugar, o Brasil ficou com 50,6 pontos.
Cindy Braddon, chefe de Comunicação e Políticas Públicas da Tracit, disse em um comunicado que o contrabando "está inundando esta região e sufocando oportunidades de desenvolvimento econômico".
O relatório também analisas zonas francas e inclui como estudo de caso a Zona Livre do Colón, no Panamá, a Zona Franca de Corozal, em Belize e a Zona Aduaneira Especial de Maicao, na Colômbia.
"O contrabando é desenfreado na região, como um destino para produtos ilegais e falsificados da Ásia, e como um centro de distribuição notório que prospera com uma governança limitada nas três maiores Zonas de Livre Comércio", disse Braddon.
Práticas fraudulentas de transbordo e faturas fraudulentas permitiriam que os contrabandistas evitassem sanções, tarifas comerciais e regulamentações, ofuscando a identidade do país de origem ou a natureza ilícita dos bens.
* AFP