O governo norte-americano anunciou, nesta quinta-feira (14), que suas principais manobras militares conjuntas com a Coreia do Sul estão "suspensas indefinidamente", apesar de continuarem com as sanções impostas à Coreia do Norte para que renuncie de forma permanente ao seu arsenal nuclear.
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, se reuniu em Seul com seus aliados sul-coreanos e japoneses antes de ser recebido em Pequim pelo presidente chinês, Xi Jinping, que saudou a "bem-sucedida cúpula". Em Seul, Pompeo reafirmou que o objetivo de Washington continua sendo a "desnuclearização completa, verificável e irreversível da Coreia do Norte".
O texto assinado na terça-feira em Singapura pelos dois líderes tem sido criticado por muitos especialistas, já que Kim Jong-Un somente se comprometeu a uma "desnuclearização completa da península coreana". Esta frase vaga, sujeita a diferentes interpretações, retoma uma promessa já feita e nunca cumprida.
—Achamos que Kim Jong-Un entende a urgência do cronograma para realizar esta desnuclearização e que devemos fazê-la rapidamente — disse Pompeo.
Segundo ele, os Estados Unidos têm "a esperança o essencial do desarmamento norte-coreano ocorra nos próximos dois anos e meio", ao término do mandato de Donald Trump.
— No passado, a pressão econômica e financeira se atenuou antes de uma desnuclearização completa. Mas isso não acontecerá desta vez, o presidente Trump disse claramente durante sua reunião com Kim Jong-Un. A suspensão das sanções não pode ser realizada até que haja evidências de que a Coreia do Norte foi completamente desnuclearizada — esclareceu Pompeo.
Enquanto russos e chineses sugeriram que a ONU considere aliviar as sanções caso Pyongyang cumpra com suas obrigações, Pompeo assegurou que a China, por onde passa 90% do comércio da Coreia do Norte, reafirmou seu compromisso com as resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
Mudanças drásticas
Pompeo também confirmou que o fim dos exercícios militares conjuntos entre Washington e Seul está condicionado à evolução das negociações "produtivas" e de "boa fé" com os norte-coreanos.
O próximo exercício conjunto previsto, chamado Ulchi Freedom Guardian, deveria ser realizado no fim de agosto, ou no início de setembro, como a cada ano.
Há algum tempo que a Coreia do Norte pede o fim desses exercícios, que considera uma repetição da invasão geral de seu território e aos quais muitas vezes respondeu conduzindo suas próprias operações militares.
O próximo embaixador dos Estados Unidos em Seul, que até o mês passado comandou as forças americanas no Pacífico, aprovou a decisão de suspender as manobras, considerando que "a situação mudou drasticamente" desde a reunião entre Trump e Kim.
A chanceler sul-coreana, Kang Kyung-wha, se manteve afastada do tema, que aparece como uma importante concessão americana a Kim, e apenas disse que sua implementação irá requerer uma coordenação entre autoridades militares dos dois aliados, destacando seu interesse em que "a aliança entre Coreia do Sul e Estados Unidos seja mais forte do que nunca".
Embora tenha celebrado o sucesso da cúpula, considerada pela Coreia do Sul um "ponto de inflexão" para alcançar a paz, a chanceler sul-coreana reafirmou que as negociações de acompanhamento com Pyongyang serão cruciais para conseguir um "progresso substancial".
A ideia foi retomada pelo chefe da diplomacia japonesa, Taro Kono.
— Tivemos uma discussão franca sobre como pedir à Coreia do Norte para tomar medidas concretas. Ainda não foram dadas garantias de segurança — disse, em alusão à falta de detalhes e de um calendário na declaração de Singapura.
Dos exercícios militares conjuntos, dos quais o Japão não participa diretamente, destacou seu poder de "dissuasão" ao ter "um papel crucial para a segurança no nordeste da Ásia".