Pelo menos 55 palestinos que protestavam contra a transferência da embaixada dos Estados Unidos em Israel morreram nesta segunda-feira (14) na Faixa de Gaza, vítimas de tiros de soldados israelenses. Já é considerado o dia mais letal do conflito palestino-israelense desde 2014
Segundo as autoridades palestinas, 2.410 pessoas ficaram feridas, sendo que metade delas foi atingida por tiros e 116 estão em estado grave. De acordo com o embaixador palestino na ONU, entre os mortos há pelo menos seis com menos de 18 anos. Não há informações sobre vítimas israelenses.
Estima-se que mais de 35 mil palestinos se reuniram na fronteira entre a faixa de Gaza e Israel para protestar contra a abertura da embaixada dos Estado Unidos em Jerusalém.
Os soldados israelenses abriram fogo quando os manifestantes se aproximaram da cerca na fronteira.
Yusuf al-Mahmud, porta-voz da Autoridade Palestina, pediu em um comunicado "uma intervenção internacional imediata para frear o massacre horrível em Gaza cometido pelas forças israelenses de ocupação contra nosso heroico povo".
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou que as ações israelenses foram em autodefesa contra o Hamas, grupo islâmico considerado terrorista pelo governo.
No domingo e nesta segunda-feira o exército israelense lançou panfletos em Gaza para advertir os palestinos que participam nas manifestações que se expõem ao perigo e que não permitirá que se aproximem da cerca de segurança ou ataquem os soldados.
Com isso, este é o dia mais mais violento desde que os palestinos iniciaram uma onda de protestos há sete semanas — no dia 30 de março, foram 23 mortos e mais de mil feridos. Ao todo, já são mais de 90 mortos e 10 mil feridos no período.
Chamados de "a grande marcha de retorno", os atos têm como principal alvo o aniversário de 70 anos da fundação de Israel, que ocorre nesta segunda (14) de acordo com o calendário gregoriano (a comemoração ocorreu em abril no calendário judaico). A data será comemorada em Jerusalém exatamente com a transferência da embaixada americana para a cidade.
Os palestinos planejam o maior de seus protestos para esta terça (15), quando relembram a "Nakba" (tragédia), como chamam a criação de Israel, quando cerca de 700 mil deles fugiram ou foram expulsos da região.
Jerusalém
Embora Jerusalém seja oficialmente a capital de Israel, a maior parte da comunidade internacional mantém suas embaixadas em Tel Aviv e defende que o futuro da cidade deve fazer parte das negociações de paz entre israelenses e palestinos.
O presidente americano Donald Trump, porém, rompeu com essa tradição e anunciou em dezembro que faria a mudança da embaixada para Jerusalém, decisão que foi alvo de críticas não só dos líderes palestinos, mas também de diversos aliados europeus e da Rússia, para quem a transferência pode intensificar a violência na região.