Três velejadores brasileiros, entre eles o gaúcho Daniel Guerra, 36 anos, de Passo Fundo, foram condenados nesta quinta-feira (29), em Cabo Verde, a 10 anos de prisão por tráfico internacional de drogas. Eles estão presos desde agosto, após a polícia apreender uma tonelada de cocaína em uma embarcação onde eles seguiam de Natal para a Ilha da Madeira, em Portugal. Um francês, que era capitão do barco, também foi condenado. Os quatro alegam que foram enganados pelo dono da embarcação e que não sabiam do carregamento. As informações são do jornal local Expresso das Ilhas.
No tribunal de São Vicente, o juiz Antero Tavares entendeu que ficou comprovado que os quatro cometeram o crime de tráfico internacional de drogas. A defesa alega que os velejadores não sabiam que a carga estava escondida em um compartimento sob o casco do barco. Além de 10 anos de reclusão, eles foram condenados à pena de expulsão do país após o período de prisão e proibição de regressarem a Cabo Verde por cinco anos. O crime de associação criminosa não foi comprovado.
Após a apreensão, a Polícia Federal (PF) da Bahia apurou que eles teriam embarcado depois da droga ter sido escondida e que eles não teriam envolvimento no crime. O proprietário do barco, o inglês George Saul, que contratou os quatro para fazerem a travessia, segue foragido. No entanto, o Ministério Público em Cabo Verde entendeu que as investigações da polícia brasileira não comprovaram que os presos não sabiam da carga. Um dos argumentos da promotoria é que ninguém confiaria uma tonelada de cocaína para uma tripulação que não soubesse da existência do carregamento. Familiares dos brasileiros estão em Cabo Verde para acompanhar os desdobramentos do caso. Os advogados de defesa dos quatro réus garantiram que vão recorrer da decisão.
O caso
Além de Guerra, que é natural de Passo Fundo, estão presos os também brasileiros Daniel Dantas e Rodrigo Dantas. O francês Olivier Thomas, que era o capitão da embarcação, também foi preso. Os quatro foram presos depois de terem sido obrigados a desembarcarem em Cabo Verde, por conta de um forte temporal. A droga foi encontrada pela polícia local, que havia recebido uma denúncia.
Durante o julgamento o juiz, os advogados e o Ministério Público chegaram a fazer uma visita ao veleiro onde foi feita a apreensão da droga. Eles foram acompanhados por dois peritos para identificar se a droga realmente estava em um local de difícil acesso. O carregamento estava escondido atrás de tanques de fibra, sob o casco do navio.