A União Europeia e o Mercosul decidiram prosseguir com suas negociações para um acordo de livre-comércio, pois, após duas semanas de deliberações em Assunção, ainda restam "quatro ou cinco assuntos" para resolver, anunciaram funcionários dos dois blocos nesta sexta-feira (2).
"Podemos estar satisfeitos. Avançou", disse, em coletiva de imprensa, o ministro paraguaio de Relações Exteriores, Eladio Loizaga.
Os negociadores decidiram estender as negociações por mais duas, ou três, semanas, mas encerraram nesta sexta as reuniões em Assunção.
Loizaga disse que os representantes vão discutir assuntos pendentes usando tecnologias, como por teleconferências.
"Não pudemos concluir totalmente. São quatro, ou cinco, temas (ainda sem acordo) neste momento, mas eu não vejo um grande problema", declarou a diretora para as Américas da UE, a tcheca Edita Hrdá, que acompanhou o chanceler paraguaio em seu anúncio à imprensa.
"Estamos no começo de março. Vejo uma boa possibilidade de assinar (o acordo) sob a presidência do Paraguai", destacou a representante europeia. O mandato paraguaio se encerra em junho.
- Janela fechando -
As negociações entre a UE e o Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) se aceleraram com a intenção de chegar a um acordo antes de que tenha início o processo eleitora para as eleições presidenciais de outubro do Brasil.
"A janela de oportunidades está prestes a se fechar. Nunca estivemos tão perto de um acordo. Daqui até o fim de março ainda restam quatro semanas", apelou, nesta semana o secretário de Comércio alemão, Matthias Machnig.
Na coletiva de imprensa, Loizaga reiterou que há "um espírito político muito importante para avançar. Estamos para fechar".
"O mundo mudou. Não podemos frear a globalização como disse (o presidente francês Emmanuel) Macron na Expo Agrícola" (feira agropecuária na França), acrescentou.
Loizaga argumentou que "é uma negociação grande" e identificou o setor automotivo - especificamente as normas técnicas - entre os desafios mais difíceis de superar, bem como as compensações do setor agrícola.
"Estou em contato permanente com os chanceleres do Mercosul e com (a comissária europeia de Comércio) Cecilia Malstrom. Há temas sensíveis ainda para eles e para nós, como autopartes por exemplo. Temos que ir alcançando um acordo que seja equilibrado para os dois blocos", afirmou.
Loizaga ainda destacou que na semana que vem o bloco sul-americano iniciará negociações comerciais parecidas com o Canadá e com Cingapura e, mais tarde, com a Coreia do Sul.
Mercosul e UE negociam há quase 20 anos um acordo de livre-comércio.
* AFP