O ex-presidente da Catalunha Carles Puigdemont, acusado de rebelião pela Justiça espanhola por articular a favor da independência da província, foi detido neste domingo (25) na Alemanha, quando cruzava de carro a fronteira com a Dinamarca. Exilado desde outubro na Bélgica, ele voltava de uma viagem à Finlândia.
Puigdemont foi preso às 11h19min (6h19min de Brasília) por uma patrulha da polícia de trânsito em Schleswig-Holstein, estado do norte da Alemanha. Ele era seguido pelos serviços de Inteligência espanhóis, que alertaram as autoridades alemãs.
Antes, Puigdemont estava na Finlândia, onde as autoridades também haviam recebido uma ordem de detenção emitida pela Justiça espanhola. Em Helsinque, ele se reuniu com deputados e participou de um seminário na universidade local.
Puigdemont era alvo de uma ordem de prisão europeia por ter organizado o referendo 1º de outubro, proibido pela Justiça da Espanha, que consultou se os catalães eram a favor da independência . A tentativa de tornar a Catalunha independente culminou na perda temporária de autonomia da província, hoje controlada de maneira direta pelo governo espanhol. À época, as imagens da repressão policial deram a volta ao mundo.
O advogado belga de Puigdemont, Paul Bekaert, afirmou a um canal de televisão catalão que o ex-presidente da província, antes de ser preso, havia participado de uma conferência com estudantes, na Finlândia.
— Será apresentado a um juiz que decidirá em 48 horas se deve ser preso ou colocado em liberdade condicional — acrescentou Bekaert.
Pouco depois a Procuradoria alemã anunciou que Puigdemont comparecerá na segunda-feira (26) ante o juiz.
Sua prisão provocou manifestações na Catalunha. Milhares de seguidores se juntaram nas Ramblas, famosa avenida do centro de Barcelona, a pedido do grupo independentista Comitês de Defesa da República.
A multidão, que carregava bandeiras separatistas e cartazes onde lia-se "liberdade aos presos políticos", se dirigiu depois para a delegação da Comissão Europeia em Barcelona, onde gritava: "esta Europa é uma vergonha!".
— O que estão fazendo esses dias é totalmente desmedido. Nos tratam como criminosos por querermos a independência. Já não é uma questão de ideologia, mas de respeito aos direitos humanos —disse, chorando, a professora Rosa Vela, de 60 anos.
Judith Cárpena, de 22 anos e estudante de Arquitetura, advertiu os que se opõem à independência da Catalunha:
— Não cantem vitória, não é o fim do separatismo. O independentismo é liderado pelo povo, e não podem prender todos nós. Haverá outros Puigdemont — declarou.
Entenda a prisão
Na sexta-feira (23), o juiz espanhol Pablo Llarena, que instrui a causa contra o grupo político separatista catalão, confirmou a acusação de "rebelião" contra 13 responsáveis, entre eles Puigdemont, por "rebelião". O crime pode ser punido com até 30 anos de prisão na Espanha, e sua aplicação no caso catalão é polêmica, já que pressupõe um "levante violento" que, segundo muitos juristas, jamais ocorreu na Catalunha.
A detenção de Puigdemont supõe um novo revés para os independentistas catalães. A intervenção do governo central de Madri na Catalunha continuará até que os separatistas – maioria parlamentar nas eleições regionais de 21 de dezembro – escolham um presidente, e este forme um governo. Se não conseguirem isso até 22 de maio, a região deverá realizar novas eleições.