O escândalo envolvendo o uso de dados de usuários da internet para influenciar eleitores está mobilizando as autoridades internacionais. Elas estão mirando não apenas na empresa que fez uso das informações, a consultoria política Cambridge Analytica, mas também aquela de onde elas saíram: a maior rede social do planeta, o Facebook.
No Reino Unido, a Comissão de Informação do governo pediu autorização judicial para fazer uma operação de busca e apreensão na sede da consultoria e também colocou sob escrutínio a rede social.
— Estamos analisando se o Facebook garantiu e protegeu informações pessoais na plataforma e se, quando descobriu que houve perda dos dados, agiu de forma robusta e se as pessoas foram ou não informadas. Buscamos uma ordem judicial para que, como órgão regulador, possamos entrar e inspecionar os servidores, fazer uma auditoria de dados— afirmou em entrevista a chefe da Comissão de Informação, Elizabeth Denham.
A comissão pediu que o Facebook coloque fim a sua própria auditoria na Cambridge.
— O fato de o Facebook estar lá nos preocupava — disse Elizabeth.
Nesta terça-feira (20), manifestantes colocaram cartazes no escritório da Cambridge Analytica, em Londres, representando o CEO da empresa, Alexander Nix, atrás das grades, com a frase "Nossos dados não são dele. Vá direto para a cadeia".
Também a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos teria iniciado uma investigação sobre o Facebook depois que o caso veio a público. No Senado norte-americano, o Comitê de Comércio, Ciência e Transporte do Senado enviou uma carta ao presidente-executivo da empresa, Mark Zuckerberg, pedindo informações sobre o uso de dados dos usuários.
"A possibilidade de que o Facebook não tenha sido transparente com os consumidores ou não tenha podido verificar se os desenvolvedores de aplicativos de terceiros são transparentes com os consumidores é preocupante", critica a carta.
Uma missiva semelhante foi enviada a Zuckerberg pela comissão parlamentar de mídia do Reino Unido.
— O comitê perguntou repetidamente ao Facebook como as empresas adquirem e retêm informações dos usuários e, em particular, se seus dados foram adquiridos sem o seu consentimento. As respostas de seus representante subestimaram consistentemente esse risco e foram enganosas. Chegou o momento de ouvir um executivo sênior do Facebook com autoridade suficiente para explicar esse alarmante fracasso — enfatizou o chefe da comissão, Damian Collins.
Na Alemanha, a ministra da Justiça, Katarina Barley, convocou o Facebook a assumir responsabilidade pela violações das leis de privacidade de dados. Em entrevista a um jornal local, afirmou que a rede social tem obrigação de proteger a privacidade de seus usuários e de informar com clareza o que é feito dos dados deles.
A União Europeia também exige explicações. O tema foi colocado na pauta de uma reunião sobre proteção de dados, que vai ocorrer em Bruxelas. A Comissão Europeia informou que pedirá "esclarecimentos" ao Facebook."Convidamos Mark Zuckerberg ao Parlamento Europeu. O Facebook precisa esclarecer aos representantes dos 500 milhões de europeus o fato de que seus dados pessoais foram usados para manipular a democracia", escreveu no Twitter o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani.