Antes de viajar a Berlim, onde se encontrará com a chanceler alemã, Angela Merkel, o novo presidente da França, Emmanuel Macron, nomeou como primeiro-ministro Edouard Philippe, deputado do partido de direita Os Republicanos.
A escolha do deputado de 46 anos, que não pertence ao movimento do presidente, A República em Marcha, reflete o desejo de união do centrista e pró-europeu Macron, que precisa atrair parte dos conservadores para conquistar maioria nas eleições legislativas de junho e, assim, conseguir realizar suas reformas liberais e sociais.
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Relativamente desconhecido do público em geral, o novo inquilino do Hôtel Matignon já atravessou no passado as linhas políticas tradicionais: prefeito pelo partido Os Republicamos (LR) da cidade de Le Havre, próximo do ex-primeiro-ministro Alain Juppé, militou em sua juventude a favor do socialista Michel Rocard e da linha social-democrata, antes de se unir às fileiras da direita.
– Para Macron, trata-se de um homem de direita, o que lhe permite provar seu discurso de "reunir os melhores para governar" – analisa Chloé Morin, do think tank Fondation Jean Jaurès.
A nomeação de Edward Philip foi "uma boa jogada, que quebra a direita", assegurou uma fonte próxima a Emmanuel Macron.
A composição do novo governo francês, a princípio esperada para a terça-feira (16), será outro teste da recomposição política prometida por Macron, eleito com um projeto "nem de esquerda nem de direita", depois de uma campanha que revelou fraturas profundas no país.
Em seu primeiro discurso oficial, o presidente mais jovem da história da França prometeu, no domingo (14), "reunir e reconciliar" os franceses. À noite, desejou "que a globalização e a abertura de nosso país beneficie a todos". Outra prioridade declarada: a Europa, que para o novo chefe de Estado "será reformulada e relançada".
Na primeira viagem ao exterior, Macron se reunirá Merkel, que obteve uma importante vitória eleitoral, no domingo, após a última votação regional antes das legislativas de setembro na Alemanha.
Merkel havia saudado a vitória do centrista contra a extrema-direita, dizendo que carregava a esperança "de milhões de franceses e também de muitos na Alemanha e na Europa". Mas as discussões não serão fáceis.
– Como conservadora, a sua flexibilidade com Macron é muito limitada – admitiu um ministro alemão que pediu de anonimato.
Para a deputada europeia Sylvie Goulard, próxima do novo presidente, Paris "não quer um confronto" com Berlim, esperando "abordagens cooperativas".
Já a imprensa alemã listou, desde a eleição de Macron, uma série de fontes previsíveis de desacordo. Emmanuel Macron pediu um "novo tratado fundador" da União Europeia e quer um orçamento, um Parlamento e um ministro das Finanças para a zona do euro, assuntos que podem desagradar a chanceler e seu partido democrata-cristão (CDU), muito ligado à ortodoxia financeira.
"O amigo querido. Macron salva a Europa... e são os alemães que devem pagar", era a manchete no sábado do Der Spiegel.
Macron, de 39 anos, recebeu no domingo a faixa presidencial do socialista François Hollande. Sua vitória na eleição presidencial, em 7 de maio, agitou o cenário político francês após uma campanha eleitoral cheia de reviravoltas, marcada por um resultado histórico da extrema-direita, a eliminação dos partidos tradicionais e o voto de protesto dos excluídos da globalização.
*AFP