A chanceler alemã, Angela Merkel, tentou tranquilizar seu país nesta quinta-feira dizendo que espera a rápida prisão do tunisiano suspeito de cometer o atentado na feira natalina em Berlim. Desde segunda-feira, a polícia tem sofrido duras críticas.
Os investigadores encontraram impressões digitais do suposto autor do ataque, Anis Amri, um requerente de asilo de 24 anos, no interior da cabine do caminhão jogado contra a multidão no mercado de Natal. Contra Amri pesa uma ordem de prisão europeia lançada pela justiça alemã. O ataque foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).
A polícia realizou uma série de operações em todo o país nesta quinta-feira, como em Dortmund e Renânia do Norte-Westfália, região onde Amri residiu durante certo tempo.
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Das vítimas ao atentado no mercado de Natal, seis alemães, um polonês, uma italiana e uma israelense foram identificadas.
Após uma visita ao quartel general dos investigadores em Berlim, Merkel declarou que espera "uma rápida detenção", e elogiou "o trabalho altamente profissional (...) e sem pausa" dos agentes. Disse ainda estar "muito orgulhosa da calma" dos alemães, que não cederam ao pânico.
Falta de coordenação
Após o ataque, as autoridades da Alemanha passaram a ser alvo de uma grande polêmica pelas falhas que permitiram a fuga do tunisiano, apesar de ele ter sido fichado como um islamita perigoso.
– Não é desta maneira que vamos garantir a segurança da Alemanha – criticou Armin Laschet, um dos líderes da CDU, o partido conservador da chanceler Angela Merkel, sobre as falhas que impediram a detenção ou expulsão de Anis Amri.
Além das críticas recorrentes sobre sua política de recepção aos refugiados, Merkel terá que enfrentar a controvérsia provocada pela falta de coordenação das autoridades no momento de vigiar o principal suspeito.
Em um primeiro momento, a polícia perdeu muito tempo antes de concentrar a investigação no tunisiano, apesar de ter encontrado um documento de identidade do suspeito no caminhão utilizado no ataque. Os investigadores priorizaram um suspeito paquistanês que terminou liberado.
Além disso, Amri era conhecido pela polícia. Ele foi vigiado durante grande parte de 2016, principalmente em Berlim, onde se suspeitava que poderia estar preparando um atentado e um roubo para obter armas automáticas. Mas em setembro, o MP abandonou a investigação por falta de provas.
Apesar do pedido de asilo ter sido rejeitado, a Tunísia bloqueou a expulsão de Amri.
"Gato e rato"
De acordo com o jornal The New York Times, o suspeito também era monitorado pelas autoridades americanas por ter entrado em contato, ao menos uma vez, com o grupo EI e por ter pesquisado na internet como fabricar explosivos.
Apesar de todas as informações, o tunisiano foi deixado em liberdade por falta de provas ou, ao que parece, por uma falta de coordenação entre as diferentes esferas do governo. Ele foi vinculado durante meses ao movimento salafista e a conhecidos pregadores da jihad.
"Um fracasso no procedimento de expulsão", afirma na primeira página o jornal alemão Bild nesta quinta-feira, enquanto o conservador Die Welt cita uma "falha" das autoridades.
"As autoridades o tinham na mira e, mesmo assim, conseguiu desaparecer", aponta o site da revista Der Spiegel.
Para o jornal Darmstädter Echo, um dos problemas é a grande quantidade de níveis de poder e de autoridades do Estado federal.
"Por quê uma pessoa como ele conseguiu brincar de gato e rato com as autoridades responsáveis pela expulsão?", questiona o jornal. "O federalismo, embora não tenha consciência de seus problemas inerentes, representa um risco para a segurança".
A polícia ofereceu uma recompensa de 100 mil euros para quem ajudar a encontrar o suspeito.
Apesar da tensão, Berlim tenta voltar à normalidade. A polícia autorizou a reabertura da feira de Natal atacada na segunda-feira, uma "decisão que não foi fácil de tomar em uma situação assim", reconheceu a administração do local em um comunicado.
*AFP