Depois de uma semana de inferno astral na campanha democrata, Hillary Clinton ingressa nas últimas 24 horas antes da eleição americana turbinada por duas boas notícias recebidas no domingo.
A primeira, pela manhã: o jornal The Washington Post estampou na capa que a democrata abriu vantagem de cinco pontos percentuais sobre o adversário republicano, Donald Trump. Para completar o domingo perfeito, à tarde, a senadora soube, por meio de uma carta do diretor do FBI (polícia federal americana), James Comey, enviada ao Congresso, que o órgão não irá processá-la pelo novo caso de uso indevido de e-mails, enquanto era secretária de Estado do governo Barack Obama.
Pela pesquisa The Washington Post/ABC, Hillary tem 48% contra 43% de Trump. É a mesma fonte que, na semana passada, mostrava o crescimento da candidatura republicana. Trump havia diminuído a diferença para um ponto (46% a 45%). A nova pesquisa não reflete ainda o novo alívio da decisão do FBI.
Leia mais:
Hillary ou Trump: quem comandará os Estados Unidos depois das eleições?
Trump é contra os imigrantes? Não é bem assim, dizem os apoiadores
O Trump da campanha e o Trump de um eventual governo
Ou seja, há uma onda positiva para Hillary nesta reta final. É a segunda vez que o órgão não vê motivos para processar a candidata, que utilizou um servidor pessoal para troca de e-mails sigilosos, que poderiam ter colocado em risco a segurança nacional: "Não mudamos as conclusões que informamos em julho com respeito à secretária Clinton", disse Comey, em carta ao Congresso, acrescentando que seus agentes revisaram todos os e-mails de Hillary enquanto estava à frente da diplomacia americana.
– Estamos felizes que esse assunto está resolvido – comemorou a diretora de campanha de Hillary, Jennifer Palmieri.
Desde a semana passada, os democratas fizeram um verdadeiro tour de force pelos chamados campos de batalha da eleição – os Estados que estão indecisos e que não seguem uma tendência de voto, ora elegem um candidato ora outro, ao longo das últimas eleições. Uma tropa de choque composta por políticos e artistas foi deslocada para Ohio, Carolina do Norte, Virgínia, Pensilvânia e Flórida.
O presidente Barack Obama focou em cidades onde o voto da comunidade negra é decisivo, como Charlotte, na Carolina do Norte, enquanto seu vice, Joe Biden, visitou a Pensilvânia, região que sofreu com a desindustrialização e onde Trump havia ganho terreno.
O marido de Hillary, o ex-presidente Bill Clinton, e a filha do casal, Chelsea, também se engajaram. Houve comícios com Jay Z, Pharrell Williams, Stevie Wonder, Beyoncé e Joe Bon Jovi. Hillary cumpriu uma agenda frenética. Até debaixo de chuva, no sábado, na cidade de Pembroke Pines:
– Quero ser presidente de todos, daqueles que estão de acordo comigo e dos que não estão, dos que votaram em mim e dos que não votaram em mim.
Trump, por sua vez, levou um susto. Enquanto discursava em Reno, Nevada, no sábado, alguém na platéia gritou: "Ele tem uma arma". Enquanto o candidato levava a mão aos olhos para tentar ver o manifestante, apesar da luz dos refletores, dois agentes do serviço secreto o retiraram do local. O show foi suspenso. O homem que gritou foi imobilizado e nenhuma arma foi encontrada.
Em Wilmington, um comício diferente. Para ganhar tempo e seguir viagem, o evento republicano foi ao lado de seu avião. Trump foi chamado ao palco pela mulher, Melania:
– Vamos dizer olá ao meu marido e futuro presidente dos Estados Unidos.
– Em três dias, vamos vencer –discursou Trump.
Nesta segunda-feira, último dia de campanha, Hillary quer dar um fim apoteótico para a campanha: reunirá Bill, Chelsea e o casal Obama no histórico Independence Mall, na Filadélfia. Ali, foi declarada a independência americana e assinada a Constituição dos EUA. Trump fará cinco comícios, o último em Michigan.
Confira o mapa das eleições nos Estados Unidos: