O governador do Estado, Eduardo Leite, falou na manhã desta terça-feira (5), em coletiva de imprensa, sobre os problemas no cumprimento das escalas de trabalho dos médicos reguladores do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), revelados pelo Grupo de Investigação do Grupo RBS (GDI). O chefe do Executivo reforçou que a situação "causa profunda indignação" e confirmou a terceirização de 17 postos de trabalho, totalizando a contratação de 6.120 horas mensais de em recursos humanos.
O contrato será emergencial e vai substituir, gradativamente, médicos reguladores chamados em concursos temporários que atuam hoje. Segundo a secretária de Saúde, Arita Bergmann, também presente na coletiva, a contratação deve ser encaminhada "nos próximos dias".
— São casos isolados que nos causam profunda indignação, mas que terão consequências e resposta da nossa parte. A auditoria em andamento é para encontrar estes possíveis responsáveis — pontuou o governador.
O Piratini atualizou o andamento de outras medidas relacionadas ao Samu que haviam sido anunciadas anteriormente pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-RS). Entre elas, a contratação de uma empresa de segurança para fazer o monitoramento com imagens de todo o Departamento de Regulação Estadual; a suspensão de férias de médicos reguladores e o remanejo de profissionais para atuarem na central, evitando problemas no atendimento. Isso porque médicos estariam pedindo a saída dos postos após as denúncias sobre o caso, seja com pedidos de exoneração ou apresentação de atestados médicos para afastamento temporário.
— Estamos remanejando médicos para manter o atendimento, porque a forma como isso está sendo apresentado gera essa movimentação de alguns profissionais — explicou Leite.
O governador ainda fez um balanço do Samu estadual nos últimos anos, comparando dados de 2018 e 2023. A intenção foi mostrar que o tempo de resposta vem caindo e que, apesar dos problemas com as escalas de um grupo de médicos, a população não está desassistida. Leite ainda reforçou que denúncias sobre qualquer situação envolvendo o serviço público devem ser encaminhadas por canais oficiais do Estado.
Entenda a farra nas escalas do Samu
Desde o final de agosto, o Grupo de Investigação (GDI) do Grupo RBS vem mostrando como um grupo de médicos reguladores da central estadual do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) descumpriam suas cargas horárias de trabalho. Todos os citados atuam ou atuavam na central que fica em Porto Alegre e atende ligações de 269 cidades gaúchas. O foco dos descumprimentos está nos turnos da noite e da madrugada. Os profissionais que deveriam trabalhar 12 horas, entre 19h e 7h, atuam um terço ou menos desta carga. Mas eles recebem salários integrais, com abonos no relógio-ponto. Desde o início da série de reportagens, o governo estadual abriu uma comissão de sindicância para investigar a situação, além de afastar dos cargos o diretor de Central de Regulação da Secretaria Estadual de Saúde (SES-RS), Eduardo Elsade, e o coordenador do Samu estadual, Jimmy Luis Herrera Espinoza.
O vice-governador, Gabriel Souza, também se manifestou no encontro com a imprensa. Ele negou que tenha tomado conhecimento do caso por meio de seu gabinete. O ex-enfermeiro do Samu Cleiton Felix, que revelou as informações ao GDI, afirmou que esteve no gabinete de Souza em abril deste ano para relatar a situação.
Segundo o vice-governador, a situação só chegou ao seu conhecimento em 13 de agosto, quando foi informado por um amigo de que o tema poderia ser alvo de uma investigação jornalística. E que, a partir de então, iniciou os contatos com seus assessores e a secretária Arita Bergmann para tratar do tema.
— O contato com o meu gabinete foi com a assessoria institucional, com uma servidora em específico e não chegou ao meu conhecimento — explicou Souza.