O caso da nomeação de dirigentes para uma escola inexistente, com o mostrado em reportagem do Grupo de Investigação da RBS (GDI) sobre a Escola Colinas da Baltazar, não é isolado. O GDI descobriu que uma terceira servidora também foi designada para outro colégio da Capital que só existe no papel. A nomeação ocorreu na segunda-feira (24), mas foi revogada ainda no mesmo dia, por volta das 19h.
A funcionária, lotada na Assessoria Técnica da Secretaria Municipal de Educação (Smed), foi designada diretora da Escola Municipal de Educação Infantil Raul Cauduro, situada no bairro Mário Quintana, na Zona Norte.
Acontece que a Raul Cauduro, uma creche situada na Rua Maria Feoli Guaragna e iniciada em 2015, está abandonada. Foram investidos R$ 1 milhão na construção e apenas 60% da obra prevista foi realizada. O prédio nunca teve uso e muito menos alunos. Mato e lixo tomaram conta do edifício abandonado.
A nomeação da diretora foi revogada pela Smed e ela foi transferida para uma unidade administrativa. Até porque não teria como atuar no prédio. Ele está com telhado destruído, porque muitas telhas francesas foram furtadas por ladrões. Janelas e esquadrias também foram surrupiadas. Vidraças, destruídas por vândalos, que também usam a escola inacabada como moradia eventual – isso é perceptível pelo número de colchões nas salas de aula.
Moradora do bairro Mário Quintana há uma década e vizinha da escola, a pedagoga Andréa Golart diz que tem vontade de chorar ao ver o abandono do prédio.
— Isso tudo é uma tristeza. Quando começaram, era um sonho lindo para os moradores. A criançada iria ter onde estudar, os pais poderiam deixar filhos na creche. Aí faltou dinheiro, a construtora foi embora e ficamos com esse esqueleto de concreto. Cada dia tem menos coisa aí, é uma festa para os ladrões — lamenta.