Quatro associações de aposentados acusadas de fazer cobranças indevidas dos seus filiados vão deixar de receber o valor referente às mensalidades, por decisão do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A suspensão tem validade de 60 dias.
Entre as entidades está a Central Nacional dos Aposentados e Pensionistas (Centrape), suspeita de participar de um esquema de falsificação de assinatura de aposentados para lhes cobrar por seguros associativos não autorizados, conforme revelado pelo Grupo de Investigação da RBS (GDI).
O INSS decidiu suspender os repasses enquanto investiga se as associações cometeram irregularidades para obter novos filiados, como usar ofertas de empréstimo consignado ou seguro de vida para disfarçar a adesão ou forçar o segurado a se associar. Além da Centrape, também foram atingidas a Associação Beneficente de Auxílio Mútuo ao Servidor Público (Abamsp), a Associação Nacional de Aposentados e Pensionistas da Previdência (Anapps) e a Associação Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos (Asbapi). Juntas, essas entidades somam 800 mil associados e recebem R$ 720 milhões ao ano. Por meio de convênios, as mensalidades são descontadas diretamente da folha de pagamento dos segurados e repassadas às entidades pelo INSS.
O instituto vai apurar denúncias de que as adesões às associações nem sempre ocorreriam com a anuência do aposentado. Um expediente usado seria fazer o pensionista assinar um documento em que autoriza o desconto de mensalidade sem perceber, no momento de contratar algum outro serviço. Se o golpe for confirmado, os responsáveis podem ser acusados de vários crimes.
O INSS despertou para o assunto a partir das quase 20 mil queixas sobre as quatro associações que foram feitas por usuários desde o ano passado. Segundo o instituto, as mensalidades continuarão a ser descontadas, mas o valor não será repassado. Em caso de confirmação das irregularidades, o valor será reembolsado.
A Centrape, que afirma ter 245 mil integrantes, declarou ao GDI ser vítima de representantes bancários e de agenciadores de seguros que atuam no mercado e que, conforme revelou a reportagem publicada por GaúchaZH, falsificariam a autorização de idosos, os quais se tornam "sócios" da Centrape e passam a sofrer descontos não autorizados nos salários.
A Centrape anunciou que irá tomar "medidas judiciais contra os fraudadores que serão identificados pelas autoridades". O suposto esquema revelado pelo GDI está sob investigação da Polícia Federal.