Um cheque com valor de R$ 200 milhões destinado a Lorival Rodrigues, a mulher dele e aos dois filhos, donos do M.Grupo, foi apreendido pela Polícia Civil gaúcha esta manhã (23) em um apartamento da família na capital paulista.
A busca faz parte da Operação Torre Negra, que investiga crimes de estelionato e lavagem de dinheiro supostamente praticados pela empresa que vendia imóveis e não entregava aos clientes. Além de São Paulo, foram vistoriados endereços ligados ao M.Grupo em São Carlos, interior paulista, Florianópolis (SC), Goiânia (GO), além de Porto Alegre, Gramado e Canoas, onde familiar de uma funcionário do grupo foi preso por porte ilegal de arma.
O cheque apreendido é assinado por um representante da JVL Equity Participações Societárias, com sede em São Paulo. Aberta em setembro de 2016, a JVL é uma das 116 empresas ligadas ao M.Grupo, que, segundo a Polícia Civil, foram criadas para receber e repassar dinheiro com finalidade de ocultar patrimônio. A JVL tem capital social de R$ 1,3 bilhão, segundo informado no cadastro da Receita Federal. Os sócios da JVL são outras duas subsidiárias do M.Grupo e a filha de Lorival, Camila Rodrigues.
— O cheque mostra a confusão patrimonial do grupo. Foram montadas várias empresas para ludibriar pessoas. Ludibriaram 870 pessoas e vivem muito bem, infelizmente — afirmou o delegado Emerson Wendt, chefe da Polícia Civil.
A estimativa da polícia é de que o M.Grupo, com razão social de Magazine Incorporações, lesou 870 vítimas no Rio Grande do Sul, causando prejuízos de mais de R$ 90 milhões.
O M.Grupo prometeu erguer, mas deixou inacabados um apart-hotel de 17 andares em Porto Alegre, e três prédios residenciais e três comerciais em Gravataí, entre eles o Majestic Business Tower, que deveria ser o mais alto edifício do RS com 42 andares, mas jamais saiu do chão. A empresa também investiu em cinco shoppings e em um hotel, mas perdeu o controle dos negócios por causa de dívidas com agentes financeiros.
O advogado Flávio Luz, representante de um grupo de adquirentes de empreendimentos do M.Grupo divulgou manifesto em que explica que as vítimas serão representadas em todos os atos e processos judiciais. Leia a nota na íntegra.
"Os adquirentes de imóveis lesados pelo M.GRUPO/MAGAZINE recebem a notícia da operação policial Torre Negra com inegável satisfação, pois representa passo importante na efetiva responsabilização criminal dos autores dos milionários danos materiais e morais infligidos às centenas de compradores, ficando na expectativa de que, no desenrolar das investigações, também se possa elucidar o destino das centenas de milhões desviados ilicitamente das obras inconclusas, com possível apreensão e ressarcimento dos prejudicados. Reconhecem e elogiam o excepcional e dedicado trabalho da Polícia Civil gaúcha, em especial nas pessoas dos Delegados Rodrigo Bozzeto e Sander Cajal (Diretores do DEIC) e dos Delegados Max Otto Ritter e André Lobo Anicet, extensivo à toda a equipe, pelo pronto e solícito atendimento às vítimas e desempenho policial exemplar. As vítimas, através de seus advogados, se farão representar a todos os atos e processos judiciais como assistentes de acusação, visando assegurar e defender os direitos dos lesados e a exemplar responsabilização de todos os envolvidos no escândalo."