Veja como atuava a quadrilha, com pelo menos três dezenas de integrantes espalhados por 10 cidades gaúchas, uma catarinense e uma paranaense, na distribuição de carros roubados.
Os detalhes da estrutura de funcionamento do bando, desarticulado no final de março pela Operação Macchina Nostra, da Delegacia de Roubos de Veículos (DRV), do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil, foram revelados neste domingo em reportagem do programa Fantástico, da TV Globo.
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A abordagem
Os automóveis eram roubados nas ruas de Porto Alegre, da Região Metropolitana e da Serra, geralmente por dois bandidos – esses integrantes do bando eram chamados de cupinchas ou puxadores de carros. Os assaltos sempre eram praticados a mão armada.
Resfrio nos bretes
Depois de render as vítimas, fugiam com os carros. Procuravam uma rua com vaga para estacionar, ou garagens de shoppings, supermercados e até do aeroporto Salgado Filho para deixar os veículos. Os locais, chamados pela quadrilha de bretes, eram usados para "esfriar" as buscas pelo automóvel e aguardar para saber se eram rastreados ou não.
Fotos para propaganda
Os mesmos bandidos, usando smartphones, tiravam fotos dos carros, como se fossem para colocar em anúncio de classificados. Essas imagens eram enviadas para os líderes do bando.
Oferta por grupos fechados
Os líderes criaram grupos fechados no aplicativo de mensagens WhatsApp e ali ofereciam os veículos, como se fosse um leilão virtual. A investigação identificou pelo menos 10 grupos usados pela quadrilha para essa finalidade. Com as fotos, informações do ano, modelo, potência do motor e tipo de combustível, os carros eram ofertados, em média, a apenas 10% do valor real de mercado. Conforme a polícia, negócios foram fechados com receptadores de, pelo menos, outros nove Estados.
Opções de venda
Entre os veículos oferecidos, os receptadores ainda podiam escolher a modalidade de compra.
- Berrando: ainda com as placas originais, que constam no sistema da polícia como de um carro roubado. Esses automóveis eram vendidos por valores mais baixos.
- DD: abreviação de placas dublê, ou seja, clonadas. Nessa opção, os criminosos ofereciam a colocação de placas e lacres de qualquer município do país.
- Completinho: veículos que tinham todos os itens de verificação modificados – placas, numeração de vidros, chassis e motor eram completamente adulterados.
Documentos falsos e algo mais
Os clientes, geralmente bandidos de outros Estados, também podiam fazer a compra da falsificação dos certificados de registro dos veículos. Além disso, a polícia identificou que os criminosos usavam os grupos para oferecer outros serviços, como documentos falsos e até armas, que também entravam nas negociações pelos carros roubados.