A delegada Cristiane Ramos, diretora da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher (Dipam), colocou o cargo à disposição.
Ela pediu remoção para uma delegacia distrital de Porto Alegre.
A saída de Cristiane, que também respondia como titular da 1ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (1ª Deam), é mais um desdobramento da crise de falta de efetivo no plantão destinado a receber mulheres vítimas de violência, junto ao Palácio da Polícia.
Na semana passada, o Grupo de Investigação da RBS (GDI) revelou que entre fevereiro e abril, 307 mulheres desistiram de registrar ocorrência no plantão da 1ª Deam. O dado consta em processo administrativo da corporação e aponta como causa das desistências a demora no atendimento.
A decisão de Cristiane de sair da Dipam ocorreu depois que o chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Sodré, fez uma visita ao plantão da 1ª Deam, na sexta-feira (2), e cobrou fortemente o fato de o dado das desistências ter sido divulgado pela imprensa. A vistoria do chefe e da corregedoria foi presenciada pelo repórter Carlos Rollsing, do GDI, que descreveu que Sodré subiu o tom ao questionar subordinados em público e que o encontro foi tenso.
A situação foi considerada constrangedora para as delegadas que estavam no local e servidores. A delegada Carolina Funchal Terres, chefe do plantão, entrou em licença médica depois do episódio.
Depois das revelações feitas pelo GDI, que mostrou que além de desistências o problema da demora poderia chegar a até oito horas para o registro de ocorrência, a direção Departamento de Proteção a Grupos Vulneráveis (DPGV) foi trocada. AS delegacias da mulher e a Dipam são subordinadas ao DPGV. O delegado Christian Nedel foi substituído pela delegada Tatiana Bastos. A nova diretora disse á reportagem que ainda não se manifestou sobre o pedido de Cristiane.
A delegada Cristiane atuava havia seis anos no DPGV. Ela foi titular da Delegacia de Proteção à Pessoa Idosa por três anos e, nos últimos três, acumulou a titularidade da 1ª Deam e a direção da Dipam. Cristiane, que não quis comentar a saída da divisão, é especialista pela Universidade Federal de Goiás em Enfrentamento à Violência contra a Mulher, integrante do Comitê “Em Frente, Mulher”, do governo do Estado do RS e mestranda em Segurança Cidadã pela UFRGS com pesquisa com foco em feminicídios.
