Escolhida de forma unânime como patrona para os Festejos Farroupilhas de Porto Alegre, Vera Lúcia Menna Barreto (ou Verinha, como costumam lhe chamar) tem o tradicionalismo enraizado desde sua origem. Nasceu em 1962, mesmo ano em que o CTG Tiarayú foi fundado em Porto Alegre, com a participação de sua família.
Neste pago, lugar onde se nasceu, viveu diversos momentos: em 1977, foi primeira prenda do CTG e, recentemente, atuou como diretora cultural e patroa, entre 2018 e 2022. Professora aposentada de Matemática, com pós-graduação em alfabetização, Verinha conta que a escolha lhe provocou muita emoção, algo incalculável.
Para ela, a honraria possui mais relevância pelo fato de que muitas de suas amigas já foram escolhidas anteriormente. E reforça: todas eram fortes e determinadas. A educadora conta mais sobre este momento especial em sua vida.
Como você avalia a representatividade das mulheres no movimento tradicionalista?
— Fui a primeira mulher a ser patroa do CTG Tiarayú, e as pessoas me trataram com muito respeito. Com a minha patronagem, pude demonstrar o meu trabalho, até porque a mulher pode fazer aquilo que ela quiser. É muito bom ver essa evolução, aceitação e valorização. A mulher está em todas as atividades no movimento que tanto chamavam de machista. A gente vê que já não existe mais. Existe uma integração entre todos.
Quanto à reconstrução do RS, como você vê o envolvimento do tradicionalismo?
— Quando começaram as fortes chuvas, eu tinha até um rodeio que iria participar, em Passo Fundo. Foi difícil saber de pessoas que você conhece, pessoas das entidades que perderam tudo. Todos os CTGs de Porto Alegre que não foram atingidos se envolveram em preparar alimentação, levá-la aos abrigos e fazer doações. Foi um trabalho incansável. Fizemos o possível para acolher. Normalmente nos envolvemos em campanhas sociais, mas a solidariedade foi ainda mais forte por causa desta calamidade. Mesmo com tudo isso, acredito na garra do povo gaúcho para superar. Para continuar esse apoio, nos festejos haverá um acampamento solidário, onde vamos arrecadar itens para quem ainda necessita. Temos que continuar com essa corrente de força e união.
Quando posso, sempre estou contribuindo com o movimento. É algo que está em mim, no meu sangue, esse amor pelo nosso tradicionalismo
VERA LÚCIA MENNA BARRETO
sobre a paixão que tem pelo tradicionalismo gaúcho.
E quais são seus planos para o futuro relacionados ao movimento?
— Todo ano, falo que será o meu último, que vou descansar, mas, até o final de 2024, sigo como uma das coordenadoras da invernada adulta do CTG Tiarayú. O grupo vai participar do Encontro de Artes e Tradição Gaúcha, o Enart. E, para 2025, fui convidada a assumir como vice-coordenadora da 1ª Região Tradicionalista (RT), em que, a princípio, vou atuar na área cultural. Penso em mais dois anos de trabalho para depois dar uma descansada.
*Produção: Padrinho Conteúdo