O descarte de lixo ganhou destaque no Acampamento Farroupilha 2023. Em 12 dias de Festejos Farroupilhas, a GAM3 Parks, concessionária responsável pela gestão do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, em Porto Alegre, já contabiliza 42,7 toneladas de resíduos recolhidos. Desse total, 6,8 toneladas (16%) foram encaminhadas ao destino correto e deixaram de ser enviadas para aterros sanitários junto com lixo orgânico.
De 1 a 12 de setembro, quase 1 tonelada foi transformada em adubo e 5,8 toneladas de resíduos foram reciclados por cooperativas de triagem, superando o total de resíduos reciclados no ano passado. Em 2022, no período de 17 de agosto a 30 de setembro, o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) coletou 65 toneladas de resíduos dentro do Acampamento Farroupilha, dos quais 5 toneladas de recicláveis, ou seja, 7,69% do total.
O restante — orgânico e rejeito — foi para a estação de transbordo e, em seguida, para aterro sanitário. Para mudar essa realidade, o projeto Sustenta Tchê! trabalha para conscientizar tradicionalistas e frequentadores do parque. A ideia é orientar sobre a separação de resíduos e o descarte correto. A iniciativa envolve a GAM3 Parks, prefeitura da Porto Alegre e a Ecoreal, além de contar com o apoio de diversas empresas.
Conforme o sócio-fundador da Ecoreal, Piettro Kayser Boscardin, a iniciativa tem por objetivo orientar os piqueteiros e oferecer ferramentas para o correto descarte de resíduos.
Foram distribuídos 200 tonéis de lixo em todo parque. Os piqueteiros receberam etiquetas com a indicação e descrição de cada material, tais como orgânico, vidro, rejeito e reciclável. Esses adesivos foram colocados nas lixeiras espalhadas pelo parque. O projeto beneficia cooperativas, onde mais de 70 pessoas são impactadas com geração de renda devido à comercialização dos resíduos. Até agora, a coleta totalizou R$ 6,2 mil às cooperativas.
— A média de reciclagem em Porto Alegre é menor que 3%, e o programa atinge uma média de 16% — destaca Boscardin.
Ele explica que equipes de coleta recolhem os resíduos já separados e levam para uma central de triagem. Três cooperativas realizam a qualificação desse resíduo, gerando indicadores ambientais tais como quantidade de resíduo reciclado, toneladas de CO2 evitadas e quantidade de adubo produzido.
— Os resíduos orgânicos foram transformados em 594 quilos de adubo. E os 603 quilos de vidros coletados também produziram indicadores, evitando a emissão de 603 quilos de CO2, a extração de 723 quilos de areia e uma economia de 289 kWh de energia para produção de novos produtos.
Esses indicadores podem ser visualizados através de QR codes dispostos em adesivos de identificação do programa no parque. Por meio do deste link, o público pode acompanhar online a quantidade e os tipos de resíduos recolhidos para a coleta seletiva.
Tradicionalista aprova iniciativa
No piquete Raiz Missioneira, a separação de resíduos sempre foi uma tradição. A patroa Irete Terezinha Engler afirma que, em edições anteriores, já organizava e separava o lixo produzido no local. No galpão da família, canudos, tampinhas e vidros recebem atenção especial na hora do descarte. Cada item vai para lixeiras distintas. Mesmo assim, ela aprova a iniciativa.
— Este ano está mais organizado, porque colocaram lixeiras nas ruas. O pessoal do projeto Sustenta Tchê! explicou tudo para a gente. Colocamos os adesivos no galpão — explica ela.
Os tradicionalistas também aproveitam a visita de alunos de escolas da Capital e da Região Metropolitana para reforçar a importância do descarte correto de resíduos e o aproveitamento de material reciclável.
— Instalamos um amassador de latinhas para que as crianças amassem e coloquem no lugar certo. Também realizamos a separação de garrafas de vidro, garrafas plásticas e óleo de cozinha — completa.
Durante as visitas, as crianças produzem uma peteca feita a partir de material reciclável. E o brinquedo, ao final do encontro, vira uma lembrança para os estudantes.
—Agora a gente vê que vai para o lugar certo. Antes a gente tinha essa angústia se realmente ia para o local correto. Descobrimos que dentro do acampamento tem trabalhadores de uma cooperativa que recolhem os resíduos — afirma.