Aguardada para este mês de dezembro, a ponte sobre o Rio Forqueta entre Lajeado e Arroio do Meio, no Vale do Taquari, vai ficar para março de 2025. Um transtorno que se amplia para os moradores da região que desde maio têm duas alternativas para deslocamento de veículos, mas ambas demoradas e com problemas estruturais.
Desde que foi contratada uma empresa para reconstruir a estrutura que cedeu pela enchente em 2 de maio, a EGR mantinha uma promessa de entregar a ponte antes do Natal de 2024. Na última semana, após reunião convocada pelo Ministério Público, um novo prazo foi estabelecido: 29 de março de 2025.
Conforme a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), a conclusão da nova travessia no prazo foi prejudicada por fatores externos, como as chuvas e a variação do nível do rio, que atrasaram a conclusão do projeto estrutural e o andamento do canteiro de obras. O presidente Luís Fernando Vanacor assume que o prazo de seis meses era apertado, mas que foi estabelecido para cumprir com a lei das licitações emergenciais. A ordem de início foi assinada em 5 de junho.
— Das previsões iniciais do comprimento da ponte, que aumentava de 121 metros para 150 metros, considerando efeitos climáticos e novas estruturas, nós tivemos um acréscimo que gerou um aumento de 22 metros, indo a ponte para 172 metros. Bom, nós tínhamos 150 para seis meses, os 172 metros necessitariam já um aumento de prazo — disse o presidente da EGR, que afirmou não ter divulgado antes a extensão do prazo, mesmo com as alterações, porque ainda buscava métodos construtivos que tornassem o prazo anterior viável.
Vanacor ainda acrescentou que o trabalho de sondagem da fundação central foi concluído com atraso por causa do aumento do nível do Forqueta, que impedia o trabalho de equipes. O custo da ponte foi contratado em R$ 14,05 milhões.
Outra obra em andamento
Além da ponte propriamente dita, uma segunda intervenção será necessária no local para que os veículos efetivamente possam acessar a estrutura. Como a ponte foi elevada em cinco metros, será necessária a construção de um aterro para colocar a rodovia no mesmo nível da travessia. Um segundo contrato estimado em R$ 8,3 milhões para execução desse serviço foi assinado somente no fim de novembro, com prazo de seis meses.
Questionado se a obra do aterro não poderia atrasar ainda mais o uso da ponte, Vanacor manteve a promessa de entrega em março.
— O contrato tem uma vigência de seis meses, mas apenas aproveitando a parte burocrática do contrato e alguns assuntos administrativos. No próprio contrato foi estabelecido o prazo de execução de dois meses, que começou em 27 de novembro — prometeu o diretor-presidente da estatal.
Sem a ponte, buracos e espera
Enquanto a nova estrutura sobre o Rio Forqueta não fica pronta, o trânsito entre os dois municípios está limitado à ponte de ferro e a uma ponte provisória montada pelo Exército Brasileiro.
No caso da ponte de ferro, a estrutura histórica foi parcialmente derrubada pela enchente e reconstruída por um empresário da região em 15 dias. Apesar dos congestionamentos que às vezes passam de uma hora de espera, é o melhor caminho para veículos leves.
— Eu programo minha saída no mínimo 30 minutos antes — disse o empresário Alexandre Piccinini, que percorre entre Lajeado e Arroio do Meio.
Já o trânsito de caminhões entre os dois municípios só pode ser feito pela ponte provisória montada pelo Exército. O caminho é ruim, com cerca de seis quilômetros de estrada de chão.
— Quebrou a caixa do caminhão nesse arranca e para — reclamou o caminhoneiro César Kunzler, que estava desde as 7h desta sexta-feira parado, esperando um guincho que só chegou às 11h45min.
Kunzler conta que passa duas vezes por dia no trecho e estima mais de duas horas e meia perdidas de serviço só aguardando a passagem.
— É transtorno, cliente ligando e pedindo a mercadoria. Impacta em tudo, né? — disse o caminhoneiro que vai e volta a São Leopoldo diariamente.
Na manhã desta sexta-feira, Zero Hora esperou pelo menos 35 minutos para cruzar de Arroio do Meio para Lajeado. No sentido oposto, a fila de caminhões superava os três quilômetros, com mais de uma hora de espera.
Na ponte provisória, o sentido é alternado conforme sinaleira e apenas um veículo é liberado por vez.