Moradores que habitam os prédios 11 e 14 da Universidade Luterana do Brasil, a Ulbra, em Canoas, estão sendo realocados em demais abrigos do município. De acordo com a prefeitura de Canoas, nesta terça-feira (4) cerca de cem pessoas ainda seguiam nas salas de aulas. A previsão é de que até o final desta semana os dois prédios sejam esvaziados. Atualmente, mil pessoas estão abrigadas em quatro prédios da universidade — o número chegou a ser de 8 mil.
De acordo com a coordenadora do abrigo por parte da prefeitura, Patrícia Augsten, a maioria dos acolhidos já retornou para casa depois do recuo da água. No entanto, quem ainda segue no local pode escolher entre permanecer na Ulbra, nos prédios 40 e 55, ou ser encaminhado para outro abrigo em escolas municipais.
— A maior desmobilização é espontânea, por parte dos moradores que conseguiram retornar para suas casas. Tem aqueles que ainda estão em processo de limpeza, saem de manhã e retornam a noite. Mas há quem perdeu sua residência. Essas pessoas seguirão sendo acolhidas nos abrigos, podendo escolher ficar na Ulbra ou em outro local — explicou a coordenadora.
Ainda segundo Patrícia, o processo de desmobilização em espaços privados é necessário para que atividades possam retornar. No entanto, é realizado um acolhimento das pessoas abrigadas. Ninguém será retirado sem um local para ser encaminhado.
O morador do bairro Mathias Velho, Sandro Miranda, 24, está abrigado no prédio 11 junto com a esposa e o filho de três meses desde o começo da enchente. A casa em que viviam era alugada e ficou parcialmente destruída. A família decidiu permanecer na Ulbra e será realocada no prédio 55.
—Decidimos ficar aqui porque estamos sendo bem tratados. Temos toda assistência médica também. Vou esperar sair o dinheiro do auxílio reconstrução e buscar um novo lugar para alugar. Recomeçar a vida junto da minha esposa e do meu filho, nosso anjo — comentou.
Quem consegue retornar para as residências recebe itens para limpeza e cesta básica. Ônibus da empresa Sogal e uma van da prefeitura realizam o transporte para os bairros.
Cláudia dos Santos, 45, morava de aluguel no bairro Fátima. Paredes da casa de madeira e uma parte do muro desabaram. Ela, o filho de 10 anos e o marido deixaram o abrigo nesta terça-feira e foram para casa de parentes.
—Foi um processo bem organizado. Nós avisaram que precisávamos sair do prédio 14, mas podíamos escolher ficar aqui no ginásio. A gente tá saindo porque conseguimos um cantinho emprestado para tentar organizar a vida.
No começo do mês de maio a moradora do bairro Niterói, Micheli Figueiró, 41, estava apenas como voluntária para ajudar como socorrista dentro do prédio 40. No entanto, sua casa também foi atingida e ela passou a viver no local. Ela escolheu permanecer no abrigo.
—Vou ficar aqui enquanto tiver gente para ajudar. Vim como voluntária e passei a ser abrigada também — contou.
Em nota, a Ulbra informou que a saída tem sido realizada de forma "tranquila e de acordo com a possibilidade de cada família".