Ao menos oito famílias estão vivendo às margens da BR-386, em Canoas. São moradores da comunidade que fica à beira da Tabaí, próximo ao acesso da Avenida Guilherme Schell, no bairro São José. Eles tiveram suas casas destruídas pela força da água na enchente que atingiu o Estado.
Barracas improvisadas servem como casas e crianças brincam em meio a animais no canteiro central da rodovia. Os moradores saíram de suas casas durante a noite do dia 3 de maio, quando a água começou a invadir o bairro. Muitos moradores criam animais como, cavalos, ovelhas e vacas e esse é o principal motivo para permanecerem às margens da via.
Moradora da região, Ionice da Conceição, 68, vive há mais de 20 anos no local e conta que nunca passou por uma situação parecida. Ela e o marido saíram de casa por precaução, pois não acreditavam que a água iria atingir a residência.
— Ergui um pouco dos móveis, mas sai sem nada, só com a roupa do corpo. Quando voltei para buscar mais coisas, a água estava batendo na minha cintura. Falei para meu marido que tínhamos que sair, se não íamos acabar morrendo — contou.
O filho de Ionice, Jairo da Conceição, 40, também viu sua casa ser destruída. Deixar a região não é uma opção para a família.
—Minha casa está no chão. Não temos como sair daqui, um terreno é muito caro. Agora, é trabalhar e levantar tudo de novo — disse o reciclador.
De forma improvisada, eles tentam seguir a vida. Lavam e estendem roupas e realizam refeições através da ajuda de voluntários que entregam marmitas no local. Os moradores pedem doações de roupas e calçados masculinos, além de fraldas geriátricas e infantis.