Cinco dias após a localização de um barco naufragado em Bragança, a 215 km de Belém, a Polícia Federal (PF) e a Polícia Científica do Pará mantêm o protocolo para identificação das vítimas. Ao todo, nove corpos foram localizados por pescadores na Baía do Maraú no último sábado (13). De acordo com a PF, após exames realizados nesta quinta-feira (18) não é possível precisar um tempo para conclusão do processo de identificação.
A dificuldade em estabelecer um prazo se deve à hipótese de que os corpos seriam de pessoas vindas de países africanos, como Mauritânia e Mali.
"Como a migração de pessoas dos países africanos é uma questão humanitária que conta com milhares de pessoas desaparecidas e inexistem dados técnicos estruturados, não é possível estimar o prazo para identificação dos nove corpos. Contudo, a PF faz todos os esforços para que a identidade das vítimas seja estabelecida no menor tempo possível", diz um comunicado divulgado pela corporação.
Enquanto isso, os corpos foram temporariamente sepultados em Belém.
A possibilidade de se tratarem de pessoas africanas e prováveis detalhes das circunstâncias do ocorrido foram levantadas pela polícia após identificação de objetos no barco que naufragou.
O que foi encontrado no barco do Pará?
- 27 celulares. Os aparelhos foram recuperados e encaminhados para exames periciais no Instituto Nacional de Criminalística;
- De acordo com a PF, possíveis informações extraídas dos celulares, dos chips e cartões de memória, em conjunto com ações de cooperação internacional, serão utilizadas para trazer indicativos sobre a identidade dos ocupantes da embarcação;
- Capas de chuvas. Ao todo, 25 capas de chuva foram localizadas na embarcação;
- Para a PF os objetos indicam que o número de pessoas a bordo no início da viagem superava o número de corpos encontrados no Brasil; a PF investiga o que teria acontecido no percurso;
- Documentos. Para a PF, documentações encontradas no barco seriam o principal indício de que os corpos seriam de pessoas africanas.
Especialistas acreditam, no entanto, que a hipótese do barco ter partido da África seja pouco provável já que não há incidência de correntes marítimas que partem do norte da linha do Equador, onde ficam localizados os supostos países de origem, para o Brasil.
Agora, os dados colhidos nos exames seguem para a próxima etapa do processo de identificação em Brasília pelo Instituto Nacional de Criminalística e Instituto Nacional de Identificação da Polícia Federal, com apoio da Interpol e organismos internacionais.