Em um contexto de escalada de ataques aos judeus em razão da guerra no Oriente Médio, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) lançou neste domingo (28) uma plataforma de conscientização, letramento e monitoramento sobre o antissemitismo e o discurso de ódio no país. A iniciativa integra um novo projeto da entidade para o combate ao preconceito contra judeus.
A ferramenta está sendo apresentada no mesmo final de semana em que ocorrem atos em diferentes Estados do país para lembrar o Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto, celebrado no sábado (27).
Disponível na internet, a plataforma contém um canal de denúncias para casos de antissemitismo e de monitoramento do discurso de ódio nas redes sociais, que serão analisadas para a adoção de medidas legais. Também disponibiliza um espaço com materiais educativos, voltados à conscientização a respeito dos perigos do antissemitismo e de como identificá-lo em suas formas mais recentes.
A ferramenta pode ser acessada no site www.combateaoantissemitismo.org.br.
De acordo com o advogado Rony Vainzof, secretário da Conib, a entidade registrou aumento de quase 1000% de casos de antissemitismo entre 7 de outubro e 31 de dezembro de 2023, na comparação com o mesmo período do ano anterior. O dia 7 de outubro foi a data em que o grupo terrorista Hamas atacou civis israelenses, dando início ao conflito que se estende até os dias de hoje e já deixou mais de 25 mil mortos.
— O antissemitismo não está na agenda da opinião pública como outros tipos de preconceito, como racismo e homofobia. Ainda existe pouca divulgação de estudos e dados sobre esse tema. Ao mesmo tempo, houve um aumento considerável no discurso de ódio contra os judeus em um período em que há bastante desinformação sobre o que significa o Hamas e sua proposta de dizimar os judeus e não permitir a existência do Estado de Israel — diz Vainzof.
O secretário da Conib ressalta que é preciso demarcar a diferença entre críticas ao governo de Israel, liderado por Benjamin Netanyahu, e ataques ao conjunto da população do país e o povo judeu.
Fundada em 1948, a Conib é uma entidade apartidária que defende a pluralidade da comunidade judaica no Brasil.
Dia de memória
O domingo foi marcado por diferentes celebrações em memória às vítimas do Holocausto. A efeméride foi criada pela ONU para homenagear os seis milhões de judeus vítimas do regime nazista e faz referência à liberação, pelas tropas soviéticas, do campo de concentração de Auschwitz, em 27 de janeiro de 1945.
Os maiores atos foram agendados para Curitiba, às 10h, e São Paulo, às 18h. Na capital paranaense, o Museu do Holocausto sediou evento com a presença de Ariella Segre, sobrevivente da perseguição nazista, além de autoridades civis, religiosas e comunitárias.
— Se não prestarmos atenção nos pequenos sinais de discriminação e de diferenças entre as pessoas, começar a desprezar um ou outro pela raça, pela cor ou pela religião, essa diferença se avoluma e fica cada vez mais violenta — disse Ariella.
No museu, também está sendo exibida a exposição “Nossa Luta: a perseguição aos negros durante o Holocausto”, composta por painéis, vitrines e totens que apresentam um panorama histórico da discriminação e perseguição nazista aos afro-alemães, com biografia de vítimas e objetos originais da época.
No Rio Grande do Sul, a Federação Israelita preparou uma série de vídeos institucionais de conscientização publicados nas redes sociais.