Mecânico “desde pequeno”, profissão que aprendeu com o pai, Ciro Nei Zamboni, 77 anos, é um amante e colecionador de fuscas. Não sabe ao certo quantos são, mas garante ter mais de 20 exemplares de diversos anos e modelos do automóvel. Atingido pela enchente em setembro, viu boa parte do patrimônio de valor sentimental inestimável ser atingido pela água e pela lama em Muçum.
— Preferia ter que pagar uma dívida pelo resto da vida a perder o que perdi aqui — lamentou o mecânico.
No dia da enchente, recorda, conseguiu levar alguns dos carros morro acima. Entre eles, um modelo raro, fabricado em 1953. Outros, precisou deixar para trás ao se abrigar em local seguro da água. Chegou a passar parte da noite de 4 para 5 de setembro dentro de um dos fuscas até ser chamado para a casa de uma conhecida.
Ciro garante que trabalhou nos últimos três meses para recuperar, limpar e “fazer pegar” os mais raros, já que os veículos não têm tanta eletrônica quanto os carros modernos que podem sofrer até perda total em caso de enchentes.
— Deus nos dá força para continuar trabalhando, né? Tu vê a idade que eu tenho, 77 anos, e seis horas da manhã eu já tô na oficina, aí tem mais gente que trabalha comigo também. Vamos continuar, não vamos desistir — disse o colecionador.
Além de comprar e restaurar os fuscas, Ciro conserta outros carros antigos. Mas a principal atividade é adaptar os modelos para versões conversíveis.
Se diz um dos poucos no Brasil com homologação e aponta com orgulho para as placas dos carros, sinalizando que os adaptados passam na vistoria.
— Eu mando para todo o Brasil e já enviei até em contêiner para a Europa — contou o colecionador.