O Comitê de Liberdade de Expressão da Associação Nacional de Jornais (ANJ) entregou, nesta quinta-feira (30), no Auditório ESPM Tech, em São Paulo, o Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa de 2023, concedido à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e seu Programa de Liberdade de Expressão e Segurança a Jornalistas.
A agência da Organização das Nações Unidas (ONU) e o programa receberam a premiação pela relevância do seu trabalho na defesa da liberdade de expressão e da integridade dos profissionais de comunicação, em um contexto mundial de ameaças à profissão.
— Eu me vi na mesma posição em que vocês se encontram hoje. A Unesco apresenta, anualmente, o Prêmio Mundial de Liberdade de Imprensa. Normalmente sou eu que ouço as palavras de nossos laureados. Ao relembrar a sabedoria compartilhada por esses gigantes da liberdade de imprensa, permitam-me parafraseá-los: promover e proteger a liberdade de imprensa é um empenho coletivo, especialmente em momentos desafiadores, quando cada ação é importante para resistir a ataques a estes direitos humanos fundamentais — disse o diretor-geral adjunto de Comunicação e Informação da agência, Tawfik Jelassi, em vídeo gravado especialmente para ser transmitido durante a cerimônia do prêmio.
— Em nome de toda a família da Unesco e de nossos estimados parceiros, eu gostaria de expressar minha sincera gratidão por este prêmio. A liberdade de expressão e a segurança dos jornalistas têm estado no âmago do mandato da Unesco desde o nosso começo, há quase oito décadas. Sem liberdade de expressão e sem que os jornalistas possam trabalhar com segurança, não pode haver liberdade no fluxo de informações e de ideias. O preço da liberdade é uma vigilância eterna, como Thomas Jefferson disse uma vez — continuo Jelassi.
— Este prêmio é uma honra, mas é também um alerta permanente. Apesar de nossos esforços incansáveis, a liberdade de expressão continua sob ameaça. Dados recentes revelam que 85% da população mundial sofreu um declínio em sua liberdade de expressão nos últimos cinco anos. Isso é alarmante e inaceitável. Gostaria de reiterar que podem contar com nossa determinação inabalável para trabalhar incansavelmente para proteger e promover esse direito único, a liberdade de expressão, uma força que salvaguarda todos os outros direitos humanos — acrescentou.
— Entregar o Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa de 2023 à Unesco e ao seu Programa de Liberdade de Expressão e Segurança a Jornalistas é, sobretudo, lembrar que as liberdades fundamentais são pré-requisitos para o pleno exercício dos demais direitos humanos — destacou Francisco Mesquita Neto, coordenador do Comitê de Liberdade de Expressão da ANJ. — O trabalho global da Unesco na defesa desses direitos tem sido minucioso e criterioso. Está na vanguarda do enfrentamento dos desafios impostos pelo acelerado avanço tecnológico — completou.
— Seguimos o conceito estabelecido há muitos anos em uma tríade: liberdade, independência e pluralismo — afirmou Marlova Jovchelovitch Noleto, diretora e representante da Unesco. — É uma honra para a organização receber o Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa 2023, o que reforça o nosso compromisso com a defesa intransigente da liberdade de expressão e da liberdade de imprensa, ancoradas em uma mídia plural, independente e viável. Continuaremos juntos trabalhando nos próximos anos para que a liberdade de expressão e de imprensa seja uma realidade cada vez maior no Brasil e no mundo.
— Sem liberdade de imprensa não há imprensa — disse o presidente-executivo da ANJ, Marcelo Rech, ao ressaltar a importância da entrega do prêmio à Unesco.
A liberdade de imprensa não é a liberdade para a imprensa, é a liberdade para que a sociedade se forme de maneira livre para que, desta forma, possa tomar as suas melhores decisões.
MARCELO RECH
Presidente-executivo da ANJ
Ele salientou que a escolha reflete a crescente preocupação com o fenômeno da desinformação e a necessidade de se valorizar o jornalismo profissional para enfrentá-lo.
— A Unesco, por meio de seu escritório no Brasil e do programa, tem sido muito atuante na defesa da educação midiática e contra as ameaças ao jornalismo.
— A entrega do Prêmio da ANJ para a Unesco representa um importante movimento no sentido de valorizar uma organização que é decisiva para, na sua atuação, sobretudo em países, em regiões onde a luz da liberdade de imprensa se apaga ou fica mais fraca — afirmou Rech.
— Nessas circunstâncias, são organizações como a Unesco e seu Programa de Liberdade de Expressão e Segurança a Jornalistas que fazem valer a necessidade de trazer para dentro desses países, desses regimes autocráticos, uma voz da importância da imprensa livre para as democracias, para a vida e para cada indivíduo. A liberdade de imprensa não é a liberdade para a imprensa, é a liberdade para que a sociedade se forme de maneira livre para que, desta forma, possa tomar as suas melhores decisões.
A premiação foi seguida por um painel com o tema: “Os novos desafios da liberdade de imprensa”.