Em Arroio do Meio, Heitor João Eckhardt, 64 anos, aguardava de carro na beira da parte inundada de uma rua onde, no final, fica a casa de sua irmã. Depois de uns 15 minutos, uma dupla surgiu voltando de barco, com um porco recém abatido em seu interior.
— Ele não ia ser abatido agora, mas, com a enchente, não teria como tirarmos ele de lá. Então, resolvemos adiantar — explicou o idoso.
Preocupado com a irmã, já com 70 anos, foi um alívio para Heitor quando ela decidiu comprar um apartamento em uma região mais alta da cidade, a fim de fugir das inundações. Agora, pouca coisa restou na moradia antiga. O que segue lá, foi levado para o segundo pavimento.
Inês Bergmann de Oliveira, 47 anos, nem dormiu, preocupada com a chuva que não parava de cair.
— Eu fiquei com trauma da outra vez. Quando começa a chover forte, já fico preocupada e já quero ficar por perto, para começar a subir com as coisas — diz a arroiomeiense, que possui uma loja de flores e vasos e calcula que teve um prejuízo de R$ 280 mil com a enxurrada de setembro.
Por isso, o dia começou ainda de noite. A família toda madrugou para iniciar o trabalho de levar tudo de dentro de casa e da loja para a parte de cima de uma colina, onde está uma estrutura coberta por um telhado. É lá que, ao relento, a família deve ficar durante a noite.
— Dormir eu não vou, porque não tem como, com essa situação. Mas não quero ficar longe das nossas coisas, prefiro acompanhar o nível do rio — observa Inês.
Enquanto a reportagem de GZH estava no local, era visível a rapidez com que o nível do rio subia — se, ao parar para uma entrevista, os pés da repórter estavam a um palmo da borda da água, em poucos minutos o rio já alcançava suas galochas.