Um abraço apertado pôs fim a uma espera de quase 10 anos. Na terça-feira (17), Maria Aparecida Moreira dos Anjos, que vive no interior de São Paulo, reencontrou o irmão Mauri dos Anjos, de 45 anos, em um abrigo social de Santo Antônio da Patrulha, na Região Metropolitana.
Eles não se viam desde julho de 2014. O reencontro foi possível graças à uma consulta aos dados do Sistema Integrado da Segurança Nacional, onde Mauri constava como desaparecido.
— Eu acho que foi o dia mais feliz da minha vida saber que ele estava vivo, saber que ele estava bem. Eu nem acreditei na hora que vi a foto. Foi Deus que preparou isso. Deus guardou ele aqui para nós e, agora, é o momento oportuno dele voltar— diz Maria.
Mauri sofre de esquizofrenia e foi encontrado vagando pelas ruas de Santo Antônio da Patrulha. Ele não sabia dizer o nome nem de onde era. Foi quando os moradores resolveram pedir ajuda do Ministério Público (MP) para tentar resolver esse mistério.
Desaparecimento sem pistas
Maria conta que, no dia do desaparecimento, Mauri saiu de casa sem deixar pistas.
—Eu fui trabalhar, minha mãe saiu para ir na hemodiálise que ela fazia. Ele ficou de ir buscar um cigarro no Centro. Foi e não voltou — lembra.
A família passou anos indo atrás de pistas de onde Mauri poderia estar.
— O povo falava eu vi o Mauri lá em Campinas, a gente ia pra Campinas. Eu vi o Mauri em Hortolândia, a gente ia pra Hortolândia. A gente não tem noção do tanto que a gente andou procurando ele — diz a irmã.
Há seis anos, Zilda, mãe de Mauri e Maria, morreu sem saber o paradeiro do filho.
— Minha mãe chorava todo dia. Tudo que ela fazia era só pra encontrar o Mauri— conta.
Cruzamento de dados
As digitais de Mauri não foram encontradas pelo Instituto Geral de Perícias (IGP) do Estado. Mesmo assim, o cruzamento de dados que constam na rede integrada da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SSP) permitiu que o abrigo localizasse os familiares de Mauri.
— Ele constava com desaparecido, o que nos deu a esperança de que tinha algum familiar em busca dele — conta a coordenadora do abrigo, Ketlen Ribeiro.
Para ajudar famílias como a de Maria Aparecida e Mauri, o Ministério da Justiça intensificou há dois anos a campanha para que as famílias de pessoas desaparecidas doem material genético para ajudar na identificação. Entre 2021 e 2023, 84 pessoas foram identificadas no RS.