Agentes da Polícia Civil começaram a atuar nos sete municípios mais atingidos pela enchente no Vale do Taquari para identificar, com mais precisão, o número de pessoas desaparecidas. A medida visa superar informações divergentes na contabilidade feita por prefeituras e os relatórios oficiais divulgados diariamente pelo governo do Estado.
Conforme o balanço oficial da Defesa Civil, publicado às 7h desta segunda-feira (11), são 46 desaparecidos: 30 em Muçum, oito em Lajeado e oito em Arroio do Meio. O número, no entanto, pode estar defasado.
— Às vezes, você trabalha com um número de 46 pessoas, mas agora estamos vendo que essas pessoas estão em casa de parentes, em abrigos. Então estamos fazendo essa conferência — destacou o chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Sodré.
Os números, já com o resultado desse trabalho, devem ser divulgados assim que estiverem contabilizados. Segundo Sodré, a medida vai ajudar as equipes a concentrar esforços nas buscas daqueles que efetivamente estão em situação mais sensível.
— Comparecemos a todos os locais possíveis, não só onde as pessoas possam estar, como contato com familiares, diligências diversas. Para ver se elas realmente estão desaparecidas ou em situação mais grave — destaca o delegado.
Ao mesmo tempo, o Instituto-Geral de Perícias (IGP) está iniciando o processo de coleta de DNA dos familiares dos desaparecidos. Esse processo pode agilizar na identificação de vítimas encontradas mortas.
Divergências
Como GZH mostrou no último sábado (9), desde os primeiros momentos da tragédia que atingiu o Vale do Taquari, diferenças entre a contabilidade de desaparecidos feita por prefeituras e os relatórios oficiais divulgados diariamente pelo governo estadual chamam a atenção de quem acompanha os danos provocados pelas inundações desta semana.
Uma das razões para essa discrepância é o fato de a coordenação estadual da Defesa Civil aplicar uma segunda filtragem às informações sobre pessoas sumidas que chegam das cidades afetadas: em vez de incluir automaticamente os números repassados pelas centrais municipais nos boletins, os agentes procuram se certificar de que há mais de um amigo ou familiar buscando o desaparecido, e tentam esgotar todas as possibilidades de contato. Somente depois disso é incluído o novo registro no cadastro. Outro objetivo alegado para esse maior rigor é evitar divulgações mais apressadas que estimulem a sensação de pânico.