O nível elevado do Rio dos Sinos começa a preocupar e mobilizar moradores e autoridades públicas da região nesta quinta-feira (7). Há registro de famílias em áreas alagadas em Campo Bom e Novo Hamburgo.
Em Campo Bom, o avanço da água tirava pelo menos 20 pessoas de casa — 10 desalojadas (em casa de amigos ou parentes) e outras 10 desabrigadas (em abrigos públicos) até as 14h.
O coordenador da Defesa Civil no município, Paulo Silveira, afirma que o nível do Rio dos Sinos no município atingiu 7m30cm na manhã desta quinta. A partir dos 7m20cm, a água começa a transbordar em parte do município. Os bairros Barrinha, Vila Rica e Porto Blos são os mais afetados. Na tarde desta quinta-feira, o nível do rio estava em uma situação estável, segundo Silveira:
— A nossa felicidade é que o rio agora está estável. Marcou 7m30cm às 10h e continua nessa medição (durante a tarde). E a tendência é que comece a baixar.
No bairro Barrinha, a região foi divida por uma espécie de açude que se formou no meio da localidade. Casas vazias e moradores cruzando a água com botas ou com auxílio de uma retroescavadeira da prefeitura marcam o cenário.
Geneci dos Santos, 69 anos, mora em uma casa localizada no limite entre o asfalto e a água que invade o pavimento no bairro. A residência da idosa fica a menos de cinco metros de onde a água aponta. Nas últimas enchentes na região, a água invadiu apenas o pátio dela, poupando a casa. Ela se agarra nesse histórico para não pensar no pior. No entanto, o aguaceiro dos últimos dias no Estado e a cheia no Vale do Taquari deixam dona Geneci apreensiva com a possibilidade de a água entrar em sua casa. De tempo em tempo, ela dá uma olhada no “rio” que beira o pátio dela:
— A gente não dorme direito. E agora tem previsão de mais chuva. De vez em quando, dou uma espiada ali na água pra ver se tá vindo.
Iara Horbach, 53 anos, mora em outro ponto do bairro, que foi dividido pelo bolsão de água criado pela cheia do Rio dos Sinos. Ela afirma que na última enchente, registrada no meio do ano, trouxe água pra dentro do pátio e de parte da casa dela. A família teve de se refugiar em um quarto que fica na parte mais alta do imóvel.
Agora, ela afirma que o nervosismo aumenta com o novo alagamento e a possibilidade de mais chuva. Com parentes em Roca Sales, um dos municípios mais afetados pela chuva, teme cenário parecido no Vale do Sinos. Ela afirma que vive duas angústias. Uma pela dificuldade de contato com os familiares de Roca Sales, e outra pelo cenário do bairro onde mora em Campo Bom. Emocionada, ela resume essas sensações:
— A gente fica nessa situação. De não conseguir ajudar o pessoal lá, os parentes, e ter que cuidar das coisas aqui.
Iara, que também trabalha com faxina, afirma que o aguaceiro atrapalha a rotina e o trabalho dos moradores. Ela mesmo perdeu um trabalho hoje pela manhã em razão do mau tempo e enchente na região.
Novo Hamburgo
Em Novo Hamburgo, a reportagem flagrou duas famílias saindo de casa às margens da Avenida dos Municípios, no bairro canudo. A água já invadia boa parte dos pátios. Paulo César, 49 anos, era uma das pessoas que deixava a casa na localidade, que fica em um barranco.
— É horrível essa situação — resume.
Ele, a mulher e quatro filhos vão alugar uma casa em uma parte mais alta do bairro até a cheia ceder.