Moradores de quatro bairros de Eldorado do Sul correm contra o tempo para salvar móveis e eletrodomésticos após o rápido avanço das águas do Rio Jacuí. Conforme a última atualização da Defesa Civil municipal, a estimativa é de que 5,2 mil pessoas tenham sido afetadas pelas cheias. Deste total, pelo menos 660 precisaram deixar suas casas — 80 estão abrigadas no Ginásio Eliseu Quinhones e cem no Ginásio Loteamento.
De acordo com relatos da população, a água começou a subir rapidamente por volta das 7h desta quarta-feira (27). Com a permanência do vento sul, o número de ruas alagadas continua aumentando.
No bairro Cidade Verde, que fica próximo à BR-290, retroescavadeiras, caminhões e barcos trabalhavam em ritmo acelerado durante a tarde, enquanto a comunidade carregava o que podia, de móveis e eletrodomésticos a animais de estimação.
A vendedora Ketlyn Alexia Ferreira da Silva, 28 anos, tirou tudo o que conseguiu de dentro de casa e elevou ao máximo o que ficou antes de sair. Acompanhada de uma amiga, levava itens pessoais e comida que conseguiu retirar da geladeira. A última entrada na casa já foi feita com água na cintura.
— Em 2015, foi assim também, mas desta vez parece que está pior. Tem bastante água, levantamos o que deu, mas muita coisa vai molhar — relatou.
Em outro ponto, a comerciante Alice Gabriele Quintanilha Brito, 25, via com desalento a água invadir aos poucos o bazar do qual é proprietária. Da porta do comércio, ela acompanhava a passagem dos vizinhos em embarcações e das máquinas.
— Em 2015, a água entrou e estragou os móveis. Agora, estamos torcendo para que a água baixe, pois, infelizmente, não tem o que fazer — lamentou.
A prefeitura de Eldorado do Sul também registra o avanço das águas nos bairros Vila da Paz, Picada e Sans Soucci. A Defesa Civil segue com pontos de cadastramentos para retirada de palets, tijolos e para pedidos de auxílio nos bairros Cidade Verde, Sans Soucci e Itaí.
Com água no peito
No bairro Vila da Paz, os bombeiros voluntários de Eldorado do Sul e do Parque Eldorado trabalham na retirada dos moradores ilhados. Com as casas já construídas em níveis mais altos, a dificuldade é sair. No fim da Avenida Getúlio Vargas, a água já chegava à altura do peito.
O casal Karina e André Dal Cero Silveira entendeu que era hora de deixar a residência com a filha de dois anos após o corte da rede elétrica.
— Já vínhamos monitorando e, nesta manhã, subiu muito rápido. Moramos há três anos aqui e isso nunca tinha acontecido desta forma. Como estamos com criança pequena, achamos melhor sair — relatou Karina.
Escolas e posto de saúde fechados
O trabalho de remoção das famílias em Eldorado do Sul conta com 17 bombeiros voluntários de Eldorado do Sul e Parque Eldorado, além de funcionários e voluntários da Defesa Civil municipal. No final da tarde, cinco caminhões do Exército, com 25 militares, chegaram na cidade para auxiliar nas retiradas.
A prefeitura confirmou que oito escolas municipais ficarão com as aulas suspensas até sexta-feira (29). Cerca de 2,5 mil alunos serão afetados. Na terça-feira (26), apenas seis escolas haviam sido afetadas.
Não terão atividades as escolas:
- Luiza Maria Binfaré
- Cônego Eugênio Mees
- Almirante Tamandaré
- Getúlio Vargas
- São José
- Nossa Senhora Medianeira
- José Gomes
- Padre Antônio Vieira.
No atendimento de saúde, o posto do bairro Picada não está operando por conta da cheia do Rio Jacuí.