O prolongamento da chuva no Rio Grande do Sul mantém municípios localizados às margens do Rio Taquari, afetados pela cheia que deixou 49 mortos no começo do mês, em estado de alerta em relação ao nível da água.
Até o meio da tarde desta terça-feira (26), prefeituras, Defesa Civil e Serviço Geológico do Brasil (SGB) acompanhavam a situação, ainda sem risco de inundação em cidades como Muçum, Encantado ou Roca Sales. De sete municípios monitorados pelo SGB ao longo do leito, seis estavam em "cota de atenção" (primeiro grau acima do normal, mas com baixo risco) e apenas a cidade homônima de Taquari se encontrava sob a classificação de "alerta", último grau antes da cota de inundação — a água estava a cerca de sete metros, um metro e meio abaixo da altura em que transborda.
Na sala de monitoramento do Serviço Geológico, em Porto Alegre, os técnicos se mantinham atentos às variações do rio. Como os equipamentos automáticos do órgão federal foram arrastados pela enxurrada, ainda há pontos em que a leitura da régua hidrológica precisa ser feita presencialmente e informada à sede na Capital.
Na maior parte dos pontos de observação, a água apresentava leve tendência de subida, em ritmo moderado. Em Encantado, por exemplo, a medição variou de 6m70cm no começo da manhã para 6m79cm pouco após o meio-dia — ainda longe do patamar de inundação de 12 metros.
— No momento, seguimos acompanhando. O Rio Taquari tem uma resposta hidrológica muito rápida. A chuva que caiu nos primeiros dias de setembro foi como se jogassem um balde de água nas cabeceiras, o que provocou um pico muito rápido. Agora, não está na condição normal, mas permanece ainda em cotas de atenção (sem perigo imediato) — afirma a mestre em Hidrologia e Saneamento Ambiental e assessora da diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial da SGB, Andrea Germano.
Em Muçum, um dos pontos mais devastados pela enchente neste mês, onde a cota de inundação é de 18 metros, o Taquari se encontrava a 8m38cm logo depois do meio-dia.
— Permanecemos em alerta, até pelos avisos da Defesa Civil, mas ainda não tivemos necessidade de remover ninguém de casa. A chuva atrapalha um pouco o trabalho de recuperação, mas seguimos atuando — afirma o coordenador da Defesa Civil local e secretário da Agricultura de Muçum, Rodolfo Pavi.
A precipitação constante, porém, arrastou lama acumulada anteriormente e acabou entupindo bueiros na cidade, o que provocou alagamentos em vias de Muçum na segunda-feira (25). Nesta terça, uma retroescavadeira foi utilizada para desobstruir tubulações e facilitar o escoamento da água.
Em Roca Sales, conforme o coordenador da Defesa Civil municipal e secretário de Administração, Silvinho Zart, o mau tempo não havia exigido remoções preventivas de moradores ou provocado grandes transtornos até o momento.
Em relação às operações da Defesa Civil em andamento na região, o governo estadual informou, por meio de nota, que "a chuva dificulta, em alguma medida, os trabalhos que têm sido desenvolvidos". Porém, de acordo com a comunicação social do Corpo de Bombeiros, não chegou a interromper os trabalhos de busca pelas nove pessoas que seguiam desaparecidas até esta terça.