A chuva que atinge o Rio Grande do Sul nesta quarta-feira (13) causou transtornos nos municípios de Camaquã e Tapes, no Centro-Sul do Estado.
Em Tapes, ao menos 50 famílias foram removidas de suas residências em razão das fortes chuvas que atingem a região desde a noite de terça-feira. Segundo o coordenador da Defesa Civil do município, Adam Bunilha, os bairros Vila Nova e Arroio Teixeira são os mais afetados.
— Nós já estamos com evacuação nas regiões, com apoio das equipes voluntárias. Essas pessoas estão sendo encaminhadas ao ginásio municipal e recebendo apoio da nossa Secretaria de Saúde e Assistência Social — informou.
Um dos pontos que preocupa as autoridades é o Arroio Teixeira, que segue em elevação na região.
Rompimento de açude deixa veículos submersos em Camaquã
Em Camaquã, a água acumulada pela chuva provocou o rompimento de um açude às margens da BR-116. Pela manhã, a pista no sentido Porto Alegre-Pelotas teve o fluxo de veículos interrompido na altura do quilômetro 383 até o 386, sendo liberada no período da tarde. No sentido Pelotas-Porto Alegre, não há bloqueios.
O rompimento provocou a invasão de água no trecho da rodovia. Seis carros foram arrastados para fora da pista, entre eles uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Seis pessoas foram resgatadas pelo Corpo de Bombeiros. Duas delas eram policiais que monitoravam o trânsito na região, antes do rompimento. Os veículos seguem submersos.
Maurício Fonseca Rosales, 38 anos, foi uma das pessoas resgatadas pelos Bombeiros durante o rompimento do açude. Ele estava trabalhando em Tapes, onde é professor, quando foi liberado mais cedo do serviço para voltar ao município. Rosales não conseguiu sair de dentro do próprio carro e foi arrastado pela força da água. Ele ficou preso no veículo por 45 minutos, até ser resgatado.
— Eu vi a sirene dos bombeiros, daí quando eu escutei a sirene, o coração calmou, né? Daí eu pensei, não, agora o pior já tá passando, tanto que com os bombeiros aí, mesmo se eu cair daqui, ainda talvez dê tempo de eles fazerem alguma coisa — contou Rosales.
Nesta quarta-feira, ruas como a Pedra Brancas, no bairro Viegas, e a Rua Professora Luiza Maraninchi, passaram o dia alagadas. No entanto, o município contabiliza danos desde a segunda-feira, quando um vento intenso atingiu a estrutura metálica de um evento que ocorria cidade. As rajadas causaram danos na rede elétrica do bairro Jardim do Forte, além de residências e árvores. Ninguém ficou ferido.
Nível de barragem preocupa autoridades
Até às 16h, segundo a Associação dos Usuários do Perímetro de Irrigação do Arroio Duro (AUD), responsável pelo monitoramento da barragem Arroio Duro, a capacidade total de volume d'água estava em 98%. Até o final da tarde, segundo o engenheiro responsável, Everton Fonseca, a capacidade máxima deve ser atingida. O local, concebido inicialmente para irrigação, conforme o engenheiro, auxilia na contenção das cheias no município.
— A capacidade é de 170 milhões de metros cúbicos d'água. Nessa época do ano, é normal escoar o excedente do lago. As comportas não serão abertas, já que possuem capacidade mínima de escoamento. Não é como uma hidrelétrica, que a água é liberada quase que instantaneamente.
O governo do Estado informou que técnicos da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) irão até a região nesta quinta-feira (14) para avaliar os danos e identificar a causa do rompimento. O Estado também acompanha o rompimento de outros dois reservatórios localizados na área rural de Canguçu. Segundo a Defesa Civil, nos dois casos não há feridos nem necessidade de evacuação.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), somente nas últimas 48h, o volume de chuva registrado na região foi superior a 100mm.