Após a chuva forte do começo da semana, municípios do Litoral Norte contabilizam estragos e encaminham decretos de situação de emergência para dar conta dos prejuízos.
Em Três Forquilhas, a prefeita Loraci Klippel assinou o documento na manhã desta terça-feira (7). Desde segunda-feira (6), as aulas estão suspensas na cidade. Na Escola Municipal de Ensino Fundamental José Alberto Schüt, a água entrou pelos portões e ainda havia resquícios de lama no pátio no começo da tarde. O acesso à instituição estava impedido pela cheia até as primeiras horas do dia.
Ainda há pessoas que saíram de casa e estão com acesso dificultado pelo bloqueio nas estradas em razão da cheia do Rio Três Forquilhas. A Defesa Civil Estadual afirma que cem pessoas estão desalojadas. A prefeitura ainda não divulga um balanço, mas ressalta que a localidade de Boa União foi a mais atingida.
Por lá, o agricultor Martim Prusch, 38 anos, mostra uma ponte que serve para passagem de pedestres e veículos coberta pela água. Ele comenta que parte de sua lavoura de aipim ficou destruída pela chuvarada.
— O troço estava feio, teve deslizamento — relata o agricultor, que arriscou atravessar uma ponte coberta pela água em sua motocicleta.
Na casa do irmão de Martim, a água invadiu a parte interna. Mesmo com o sol, ainda sobrou uma grande quantidade de lama numa área que funciona como salão de jogos, com quadra de bocha.
— Saí no galpão e vi que estava enchendo de água. Só deu tempo de gritar para a esposa tirar os filhos e sair — relembra o agricultor Erli Prusch, 40 anos.
A família dele ficou na casa de parentes e retornou para começar a limpeza nesta terça-feira, quando a água já havia baixado.
— Dá uma tristeza — lamenta o morador.
GZH também circulou por áreas de lavouras, como de milho, cana de açúcar e couve, que foram derrubadas pela chuva.
Uma ponte pênsil na localidade de São Sebastião, que liga o município a Itati, foi arrastada por uma queda de árvore e pela força da água. Segundo a prefeitura, a estrutura havia sido reformada há poucos meses.
— Nossa preocupação é com as pessoas que ainda estão isoladas. Estamos tentando chegar nesses locais — salienta a prefeita Loraci Klippel.
A última enchente desse tipo ocorreu em 2007 no município, conforme as autoridades.
Mais cidades afetadas
Em Itati, cerca de 20% a 30% da população está ilhada pela obstrução de estradas, de acordo com o prefeito Flori Werb. As aulas também seguem suspensas, e a prefeitura vai decretar situação de emergência. A Defesa Civil estadual contabilizou 60 pessoas desabrigadas. Já o prefeito citou pelo menos 20 famílias que receberam auxílio do poder público para sair de casa.
— Antes do amanhecer, já conseguimos levar alguns de volta — afirmou Werb.
Em Morrinhos do Sul, o prefeito Marcos Venicios Evaldt da Silveira relatou que as aulas foram retomadas e que já foi possível resolver os problemas da água que entrou em casas e estabelecimentos comerciais. A maior preocupação, de acordo com ele, são as estradas rurais que estão obstruídas, o que pode gerar um prejuízo econômico para a produção de banana pela dificuldade de acesso às áreas de plantação.
— Vamos assinar o decreto de situação de emergência hoje à tarde — frisa.
Em Dom Pedro de Alcântara, o documento já foi assinado pelo prefeito Alexandre Model Evaldt. Ele afirma que seguem as interrupções em estradas na área rural e que as aulas ainda estão suspensas até que haja condições de circulação.
Em Terra de Areia, o corpo de uma mulher que estava desaparecida desde a noite da segunda foi localizado. Maria de Fátima Hertzog Pereira, 55 anos, moradora do município, desapareceu enquanto retornava para casa após o trabalho, de carro. bSegundo os bombeiros, o acesso à residência dela foi interrompido pela cheia do Rio Depósito.
Vice-governador sobrevoa a região
No final da manhã, o vice governador Gabriel Souza sobrevoou a região do Rio Três Forquilhas. Equipes da Defesa Civil também estão visitando as áreas afetadas para contabilizar os estragos e auxiliar as prefeituras.
— Vamos dar a assessoria técnica para os decretos serem homologados pelo Estado e reconhecidos pela União — afirma o tenente coronel Adriano Zanini, coordenador regional da Defesa Civil do Estado.