Cinco pessoas foram convocadas a depor, nesta quarta-feira (15), na Delegacia de Polícia de Sapiranga, no Vale do Sinos. Elas são familiares de Gilmar Dias, 50 anos, que morreu no domingo (12), após o cabo da passarela de um camping romper e ele cair de uma altura de cinco metros. Os parentes de Dias estavam com ele, sendo que quatro tiveram lesões graves e um saiu ileso do local.
De acordo com o titular da delegacia da cidade, delegado Clóvis Nei da Silva, os depoimentos ocorrem ao longo do dia e a previsão é de que sejam concluídos ainda nesta quarta-feira. Caso contrário, não descarta reagendamento de alguns deles. Os parentes de Dias são duas mulheres, de 19 e 27 anos, e três homens — um deles não teve a idade divulgada, os outros dois têm 23 e 27 anos.
A polícia interditou o camping Paraíso Verde durante a investigação e já ouviu os dois proprietários e um funcionário do local. O delegado solicitou a busca por imagens de câmeras de segurança e pediu ao Instituto-Geral de Perícias (IGP) exames de lesões dos sobreviventes. Além disso, aguarda os resultados dos laudos de necropsia e da perícia feita no camping, que podem ser concluídos entre 30 e 60 dias. O crime apurado é de homicídio culposo.
Silva destaca que o camping não tem alvará de funcionamento junto à prefeitura de Sapiranga e que, até agora, não localizou o Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndio (PPCI) nem o laudo de engenharia do local. Para o delegado, todas as informações são importantes para avaliar as condições técnicas do local e entender por que os cabos romperam.
Irregularidades
Conforme a assessoria de comunicação da prefeitura de Sapiranga, o estabelecimento nunca solicitou alvará, portanto, não tinha autorização para funcionar. A prefeitura explica que, a partir do momento em que um estabelecimento apresenta a documentação necessária para obtenção do alvará, passa a ser exigido o Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndios (PPCI), que é obtido junto ao Corpo de Bombeiros. Somente após a disponibilização do alvará é que o município passa a realizar fiscalizações periódicas.
Segundo os bombeiros de Sapiranga, o camping nunca solicitou o PPCI junto à corporação e atuava de forma irregular.
Rompimento e queda
Segundo o Corpo de Bombeiros, o grupo recém havia chegado ao Camping Paraíso Verde, na localidade de Picada Verão, a cerca de 13 quilômetros de Sapiranga, onde iriam passar o último domingo (12). Para acessar ao balneário do local, as cinco pessoas estavam cruzando pela passarela.
Durante a travessia dos cerca de 30 metros que separam os dois lados, um dos cabos de aço se rompeu, derrubando todos sobre um riacho. Em função da seca que assola a região, o leito estava quase sem água e repleto de pedras. Na queda de cinco metros de altura, Gilmar Dias bateu de cabeça e ficou inconsciente. Ele morreu no trajeto até o Hospital de Sapiranga.
Contraponto
A reportagem de GZH entrou em contato com o Camping Paraíso Verde, que enviou a nota a seguir.
"Nota à comunidade:
O Camping Paraíso Verde vem a público comunicar em relação ao trágico acidente no dia de hoje (domingo, 12). Que está tomando todas as medidas cabíveis para elucidar as causas e reparar as suas consequências. Estamos colaborando com as autoridades competentes e não medindo esforços para com os familiares das vítimas. Estamos todos enlutados e chocados com o ocorrido. Que Deus abençoe todos os atingidos pelo evento e os conforte."