Após seis meses, a Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o incêndio que atingiu o Centro de Tratamento e Apoio a Dependentes Químicos (Cetrat), em Carazinho, norte do RS, sem conseguir apontar a responsabilidade pela tragédia. O fato ocorreu na noite do dia 23 de junho de 2022 e deixou 11 pessoas mortas.
Através dos laudos do Instituto-Geral de Perícias (IGP), o entendimento é de que o fogo se iniciou no primeiro quarto do dormitório à direita, onde dormiam dois pacientes. No entanto, não foi possível identificar a maneira que o como as chamas começaram. Segundo constatou o órgão, em análise que consta no documento ao qual GZH teve acesso, a propagação ocorreu através da “ação de corpo ignescente sobre material combustível”. É considerado corpo ignescente, algo capaz de gerar uma chama, como um fósforo ou um isqueiro, por exemplo. Já um material combustível fornece calor quando entra em contato com o fogo. Nesse caso poderia ser a madeira do assoalho, alguma parede do imóvel ou ainda roupas e colchões.
Os resultados foram obtidos através de três análises periciais. A primeira delas logo após o incêndio, durante a madrugada, a segunda no dia seguinte, e a terceira uma análise complementar, solicitada em setembro e enviada à polícia em dezembro. O laudo descartou a possibilidade de pane elétrica ou de ação humana do lado de fora da clínica.
Segundo a delegada Rita de Carli, que comandou as investigações, ao que tudo indica, o problema foi gerado de forma acidental por alguma pessoa que acabou não resistindo às chamas.
— Se houve um responsável por provocar o fogo, de forma proposital ou não, morreu carbonizado. Mas não temos como afirmar se ele era um dos pacientes que estava no quarto em que tudo começou — afirma de Carli.
Na noite da tragédia, 15 pessoas estavam dormindo no local. Quatro conseguiram sair do prédio após quebrar as janelas basculantes. Três delas ficaram lesionadas, necessitando de atendimento médico. Os demais não conseguiram sair do local pois havia apenas uma porta para entrar e sair, justamente onde o fogo começou e havia maior concentração de chamas.
Já em relação às documentações, a delegada concluiu que o Cetrat estava com as licenças e autorizações para funcionar em dia. O inquérito aponta que modelo de prevenção contra incêndio adequado para o centro de reabilitação era o Programa Simplificado de Prevenção de Incêndio (PSPCI). O plano estaria sendo posto em prática sem irregularidades, expirando apenas em 2026. O inquérito deve ser remetido ao Poder Judiciário ainda nesta semana.