Em coletiva realizada no Ministério do Meio Ambiente, em Brasília, nesta segunda-feira (30), a titular da pasta, Marina Silva, disse que parte dos recursos do Fundo Amazônia serão utilizados para atender emergencialmente o povo yanomami.
A manifestação ocorreu em encontro com a ministra alemã da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento, Svenja Schulze, que anunciou um pacote de cerca de 200 milhões de euros (o equivalente a mais de R$ 1,1 bilhão) para iniciativas ambientais.
— Os recursos do Fundo Amazônia serão deslocados para ações emergenciais. Estas ações envolvem vários níveis, desde o tratamento da grave situação de fome à parte da segurança, para que as pessoas possam ficar em suas comunidades. Os ministérios do Meio Ambiente, da Justiça, da Defesa e outros setores do governo estão pensando em atuar em dois níveis: o emergencial e o de longo prazo, para que a desintrusão (posse ilegal) não possa ser revertida. Até o plano de controle do desmatamento, teremos ações emergenciais — disse.
Um missão ministerial embarcou para Roraima no domingo (29) a fim de se reunir com equipes do Ministério da Saúde e de organizações envolvidas com o povo yanomami.
Desde o ano passado, mais de uma centena de pessoas morreu na região por conta de grave desnutrição e por doenças preveníveis. O avanço do garimpo ilegal é visto como uma das principais causas para a situação.
A reunião entre Marina e Svenja antecede o encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz. A visita terá como temas principais a retomada do Fundo Amazônia, que está suspenso há três anos, a pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Estima-se que ficaram parados cerca de 1,3 bilhão de euros que poderiam ter sido utilizados em projetos de proteção da Floresta Amazônica.
Já anunciada depois do segundo turno das eleições presidenciais, a Alemanha confirma nesta segunda-feira a retomada da cooperação com o Brasil por meio do Fundo Amazônia. Serão aportados pelo KfW Bankengruppe (banco alemão de desenvolvimento) 35 milhões de euros.
O fundo foi criado em 2008 para aportar recursos para iniciativas e projetos de organizações não-governamentais (ONGs) que atuam diretamente na preservação da floresta. A Alemanha é o segundo maior doador, atrás da Noruega, que também deverá anunciar em breve a retomada da transferência de recursos.
Pacote de 200 milhões
Além do Fundo Amazônia, a ministra alemã anunciou um pacote de aproximada 200 milhões de euros a serem liberados para ações ambientais. Entre as medidas, o KfW poderá liberar 31 milhões de euros para a implementação de ações de proteção ambiental formuladas pelos Estados da região amazônica. Também será liberada uma linha de crédito de 80 milhões de euros para agricultores interessados no reflorestamento da Amazônia.
A Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável teve início há seis décadas e envolve governos, iniciativa privada e sociedade civil. O apoio no setor de florestas ocorre desde a Rio-92.