O desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips completa uma semana neste domingo (12). Nesse sábado, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) decretou medida cautelar contra o Brasil. Vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA), a corte internacional solicita que o país aumente os esforços para localizar os dois e informe sobre as ações adotadas nas buscas em um prazo de sete dias.
A decisão da CIDH corresponde a uma ação solicitada na sexta-feira (10) pelas organizações Artigo 19, Instituto Vladimir Herzog, Repórteres sem Fronteira, Alianza Regional por la Libre Expresión e Información, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Associação de Jornalismo Digital (Ajor), Tornavoz e Washington Brazil Office (WBO). Tais grupos questionam a gravidade do caso e a negligência do estado brasileiro em dar respostas sobre o desaparecimento de Pereira e Phillips.
A resolução foi enviada após a CDIH considerar que a dupla está "em uma situação de gravidade e urgência de risco de dano irreparável a seus direitos". O indigenista e o jornalista desapareceram no domingo (5), no Vale do Javari, perto da fronteira com o Peru. Eles realizavam um trabalho para entrevistar indígenas.
"Após as denúncias sobre o desaparecimento, a solicitação afirma que os esforços estatais não teriam sido imediatos e somente teriam se iniciado a partir da intensa mobilização da sociedade civil, da imprensa nacional e internacional e das redes sociais", diz a nota da CIDH.
Em outro trecho, o texto cita que "as medidas adotadas até o momento seriam insuficientes considerando a extensão do território e outros desafios técnicos". Também ressalta que, diante disso, a comissão solicita que o Brasil "redobre seus esforços para determinar a situação e o paradeiro de Bruno Araújo Pereira e Dom Phillips" para que seja possível "proteger seus direitos à vida e à integridade pessoal".
Além disso, a comissão pede que o governo brasileiro "informe sobre as ações adotadas a fim de investigar com a devida diligência os fatos alegados que deram origem à adoção desta medida cautelar e, assim, evitar a sua repetição".
O presidente Jair Bolsonaro falou sobre o caso durante viagem a Orlando, nos Estados Unidos. Segundo ele, o governo trabalha desde o primeiro dia do desaparecimento e quer elucidar o caso.
Bolsonaro também disse que foram encontradas partes de corpo humano em rio na região do Vale do Javari. Na tarde deste sábado, o comitê de crise, coordenado pela Polícia Federal (PF), emitiu uma nota sobre o assunto.
Conforme o comunicado, as buscas fluviais e o reconhecimento aéreo na região do rio Itaquaí continuam e foi coletado no local material orgânico, "aparentemente humano", que foi encaminhado para o Instituto Nacional de Criminalística da PF para análise. "Não procedem as notícias que estão circulando nas redes sociais no sentido de que os corpos dos desaparecidos foram encontrados", assegurou a corporação.