O empresário Elácio Hugendobler, responsável por contratar dois carros de som para disseminar mensagens antivacina em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, prestou depoimento à Polícia Civil na tarde desta sexta-feira (28). Após denúncias de moradores, os veículos foram apreendidos pela Guarda Municipal na quarta-feira (26).
Conforme o delegado Rafael Sauthier, que chefia interinamente a 1ª DP de Novo Hamburgo, em um depoimento curto, o empresário confirmou à Polícia Civil que havia contratado os dois veículos, uma Fiorino e um Fiat Uno de cor branca. Na quinta-feira (27), ao lado do deputado federal Bibo Nunes (PSL), Hugendobler já havia assumido a contratação dos carros de som em vídeo publicado nas redes sociais.
Conforme o delegado, no depoimento desta tarde, o empresário, que foi pré-candidato a vereador pelo PRTB nas últimas eleições, disse que não é antivacina.
— Ele diz que não é contra a vacinação, mas que quer mostrar para a população que as pessoas têm o direito de escolher. Ele consultou um advogado antes de tomar esta iniciativa e teria sido orientado sobre o teor da mensagem para que não fosse enquadrado em nenhum tipo de crime — pontua o delegado.
Sauthier acrescenta que, até o momento, nem ele nem a delegada Marjani Sinmch, que recebeu a ocorrência na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), identificaram qualquer prática criminosa. A investigação deve ficar a cargo do titular da 1ª DP, que retorna das férias na segunda-feira, o delegado Tarcísio Kaltbach.
— A princípio, não há apologia ao crime naquele áudio. É algo que vai ter que ser estudado, até mesmo na legislação municipal. Tanto pela delegada plantonista que fez o registro quanto por mim não há nenhum tipo de crime. Hoje foi a oitiva do empresário. Vou deixar para a consideração do titular para que ele envie para a Justiça com indiciamento, caso entenda que é crime, ou não — diz o delegado.
Conforme o advogado do empresário, José Lauri da Silva, Hugendobler não teve a intenção de disseminar informações contrárias à vacinação. Segundo ele, embora o empresário não tenha se vacinado, ele não é contra a vacinação, mas a favor da liberdade.
O advogado acrescenta que o áudio reproduzido nos carros de som apenas apresentava informações que constam na bula do imunizante, em conformidade com o que prevê o Ministério da Saúde.
— Vamos aguardar a conclusão do procedimento que o delegado instaurou. Ele (Hugendobler) deu a versão dos motivos. Na mensagem dele não tinha nada de antivacina, conforme a Guarda Municipal interpretou e parte da imprensa divulgou. Os próprios funcionários da empresa dele estavam questionando sobre a obrigatoriedade da vacina. Ele achou por bem prestar estas informações que estão sendo divulgadas pelo próprio Ministério da Saúde, como a de que frequentar a escola é um direito da criança — explica o advogado.