Um grupo de manifestantes protestou em frente à prefeitura de Porto Alegre na tarde desta quinta-feira (27). Eles reivindicavam que os pais sejam informados sobre riscos às crianças da vacina contra a covid-19. Conforme os organizadores, cerca de 40 pessoas participaram do ato.
O grupo, que não tem nome, se diz apartidário. Eles explicam que os integrantes vêm de diferentes localidades do Estado. Com discurso crítico também à imprensa, eles defendem que a vacinação seja opcional (a prefeitura esclarece que a vacinação não é obrigatória, veja abaixo a nota da Secretaria Municipal da Saúde), pois o imunizante utilizado seria experimental.
Com a frase “Não mexa com meu filho” estampada no peito, o líder do grupo, o comerciante Charles da Luz, destaca que eles já protestaram em frente à prefeitura na terça-feira da semana passada (18) e afirma que há outra manifestação marcada para a próxima quinta-feira (3).
— Quem não quer tomar vacina está sendo constrangido. Está havendo um preconceito contra quem tem o direito de não tomar — afirma.
Contrários também ao uso de máscaras, eles questionam a finalidade dos protocolos sanitários de prevenção ao coronavírus. Eles caracterizam a exigência do passaporte vacinal como uma "medida nazista".
Durante a tarde, os manifestantes distribuíram panfletos contendo críticas à vacinação. O fôlder traz impressas frases como “nunca foi por sua saúde” e “sempre foi controle social total sobre você”. Na parte superior, o material traz o seguinte questionamento: “Mãe, você está pronta para chorar a morte do seu filho?”.
De acordo com ofício apresentado por Charles da Luz, que também assinou o documento, a manifestação teria sido comunicada à Brigada Militar previamente. Ele criticou o coordenador da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, por afirmar em entrevista à Rádio Gaúcha que a vacina não teria riscos e convidar a população a comparecer ao posto Santa Marta.
Efeitos colaterais são raros
Fernando Ritter afirma que todos os profissionais da saúde são capacitados para esclarecer qualquer dúvida que os pais tiverem a respeito das vacinas. Ele ressalta que é favorável à vacinação e que, inclusive, levará sua filha para receber o imunizante na próxima segunda-feira (31). Ele sublinha, entretanto, que todas as medidas adotadas pela prefeitura estão de acordo com o que é previsto pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria Estadual da Saúde (SES).
— Não tem problema nenhum de esclarecermos para a população sobre os possíveis efeitos colaterais da vacina, mas eles são extremamente raros, pois os benefícios são muito superiores. Não existe a obrigatoriedade. Respeito a opinião deles. Sou diretor da Vigilância, meu papel é garantir o acesso à vacina para a população — diz Ritter.
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) se manifestou por meio de nota afirmando que a vacinação é eficaz na prevenção à covid-19. O texto destaca que "as chances de uma criança ter quadros graves de covid-19 superam qualquer risco de evento adverso relacionado à vacina".
Confira a nota na íntegra
"Embora tenham sido desenvolvidas em tempo recorde, as evidências científicas demonstram que as vacinas infantis contra a Covid-19 são eficazes na sua prevenção. Já foram mais de oito milhões de crianças vacinadas em mais de quarenta países do mundo e, em mais de uma semana de vacinação em todos os municípios brasileiros, nenhum evento adverso grave foi registrado. Vale lembrar que as chances de uma criança ter quadros graves de Covid-19 superam qualquer risco de evento adverso relacionado à vacina.
No site prefeitura.poa.br/vacinainfantil, há uma seção de perguntas e respostas esclarecendo dúvidas sobre riscos, eficácia, eventos adversos mais comuns, entre outros temas relacionados às vacinas em crianças. Pais, mães ou responsáveis legais também podem tirar dúvidas sobre a vacinação infantil nos serviços de saúde, tanto no momento de aplicação quanto após a vacinação, pelo site prefeitura.poa.br/vacinainfantil ou pelo 156.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) esclarece que a vacinação contra a Covid-19 para crianças segue todas recomendações exigidas pelo Ministério da Saúde e reforça que não é obrigatória na Capital."