Em meio a uma nova onda de covid-19 determinada por uma variante com ainda maior poder de contágio, a Ômicron, um empresário gaúcho bancou campanha contra a vacina.
Sabe o que garante que o dono de lojas de autopeças pode seguir faturando durante esse preocupante aumento de casos? A vacina.
Nas teorias econômicas, o empresário é descrito como o indivíduo que organiza a produção de bens e serviços da forma mais racional possível para obter lucro. Não há ganho, individual ou coletivo, em uma campanha contra a imunização em um momento particularmente difícil da evolução da pandemia.
Quanto mais pessoas estiverem imunizadas, mais vão barrar o surgimento de outras cepas, de inclinação imprevisível. Quanto mais pessoas estiverem imunizadas, menor a pressão para o fechamento das atividades econômicas, que só se impôs no início da pandemia porque não havia nem vacina, nem remédio. Quanto mais pessoas estiverem imunizadas, menor a incerteza relacionada ao menos a uma parte da economia.
É a disposição dos brasileiros de se vacinar, apesar de todas as tentativas de atrapalhar esse ímpeto, que permitiu ao empresário usar os recursos ganhos de sua atividade mantida para bancar essa campanha nociva. A vacinação de crianças e adultos está chancelada por milhares de virologistas, imunologistas, epidemiologistas. Foi garantida por agências de Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Japão, Coreia do Sul.
E do Brasil. Infelizmente, em meio a mais uma polêmica envolvendo o Ministério da Saúde, que se curva outra vez à visão negacionista do presidente Jair Bolsonaro. Vacinar crianças dá segurança aos pais, aos professores, aos vizinhos, aos amigos. Se não for crime, semear dúvidas nas famílias deveria ser, ao menos, contravenção. Não interessa a ninguém, a não ser seres com agendas muito peculiares e muito diferentes do interesse da maioria.