O júri dos acusados da morte de 242 pessoas no incêndio da boate Kiss perdeu uma testemunha em seu terceiro dia. Gianderson Machado da Silva, que trabalha com recarga de extintores, foi arrolado pelo Ministério Público (MP) para testemunhar sobre as condições dos equipamentos anti-incêndio.
Ele acabou excluído como testemunha e virou apenas informante (sem compromisso de dizer a verdade) porque uma filha dele teria postado em redes sociais o desejo de que os réus do caso “apodreçam na cadeia”.
A transformação de Gianderson de testemunha em informante aconteceu após reclamação dos advogados de defesa, que o consideram parcial. O juiz Orlando Faccini Neto manteve o depoimento, entendendo que a opinião não foi do depoente, mas de uma familiar. Mas o desobrigou do juramento de dizer a verdade.
Gianderson fez um depoimento repleto de "não sei", "não tenho certeza" e "tenho dúvida". Desagradou aos promotores de Justiça, que o chamaram para depor.
Gianderson disse que fez recarga de extintores na boate por dois ou três anos.
— Nossa função era avisar o cliente de que a carga dos extintores estava por vencer. Ela deve ser trocada em um ano, é o que determina a lei. Sempre que contatei os proprietários, eles fizeram as recargas.
Gianderson afirmou ter falado sempre com Elissandro Callegaro Spohr, o Kiko, o sócio que permanecia dentro da boate. Ele declarou que nunca viu Mauro Hoffmann, o outro sócio da Kiss, também réu no júri.
Também relatou que, ao realizar a troca de extintores, não encontrou os equipamentos nos lugares indicados, precisando procurar na boate onde estavam para levar para o procedimento.
Este é o segundo depoimento do dia 3 do julgamento.