O governador da Bahia, Rui Costa, afirmou nesta terça-feira (28) que os repasses anunciados pelo governo federal para recuperar rodovias atingidas pelas enchentes no Estado são insuficientes.
— Não é possível recuperar as estradas federais com R$ 80 milhões para o Nordeste, R$ 80 milhões não dá para recuperar as (estradas) da Bahia, pelos estragos que têm, vários rompimentos — disse Costa em Ilhéus (BA) ao final de pronunciamento, ao lado de ministros, de anúncio de medidas de combate aos efeitos da tragédia.
O presidente Jair Bolsonaro editou nesta terça medida provisória (MP) que destina R$ 200 milhões para recuperação de rodovias. De acordo com nota da Secretaria Geral da Presidência, os recursos têm por finalidade melhorias nas estradas de Amazonas, Bahia, Minas Gerais, Pará e São Paulo.
Já o texto da MP publicado no Diário Oficial da União define que, do total, serão R$ 80 milhões para o Nordeste, R$ 70 milhões para o Norte e R$ 50 milhões para o Sudeste. A chuva atinge a região sul baiana desde novembro e deixou 20 pessoas mortas, 31.405 desabrigadas, 31.391 desalojadas e 358 feridos. De acordo com a Defesa Civil da Bahia, o número de municípios atingidos chegou a 116.
Rui Costa pediu que mais recursos sejam direcionados para a Bahia, que vive os efeitos mais intensos das enchentes.
— Todos os Estados devem estar precisando, mas no caso é preciso um recurso direcionado para recuperar as estradas da Bahia. Fica aqui o meu apelo — disse.
Presente no evento, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, pediu mais tempo para que o governo federal possa dimensionar a quantidade de recursos que será necessária.
— Vamos precisar de um pouco mais de tempo para recebermos esses informes e aí teremos a capacidade e a condição de termos o montante, e esse montante será fruto de medida provisória de crédito extraordinário — afirmou Marinho.
Para justificar a falta de repasses para a Bahia, o ministro também citou a necessidade de outros Estados, como Goiás, Tocantins, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Piauí.
— Temos pelo menos sete Estados hoje com problemas de chuva torrencial. Não tão forte como no extremo sul da Bahia, mas cada um com sua realidade — pontuou.
O pronunciamento em Ilhéus também contou com a presença dos ministros João Roma (Cidadania), Marcelo Queiroga (Saúde) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e de Marcelo Sampaio, secretário-executivo do Ministério de Infraestrutura. Bolsonaro, que está em Santa Catarina, não participou do evento.
O ministro da Saúde anunciou que a sua pasta editou nesta terça uma portaria que libera R$ 10,8 milhões do Fundo Nacional de Saúde para os municípios.
— Para a Bahia, são mais de R$ 7 milhões e esse dinheiro já foi repassado fundo a fundo, do fundo nacional de saúde para os fundos municipais de saúde — comentou.
Em sua fala, Roma, que é pré-candidato ao governo da Bahia pelo partido Republicanos e apoiado por Bolsonaro, afirmou que o momento exige que rivalidades políticas sejam deixadas de lado.
— Não estamos observando colorações partidárias, cada um tem suas posições e no momento adequado tudo isso vem à tona. Mas, de fato, estamos juntos aqui trabalhando para o povo baiano que está sofrendo neste momento — declarou.
Além de Rui Costa, o senador Jaques Wagner (PT-BA), que deve disputar o governo estadual ano que vem contra o ministro, também participou do evento.