O caso da explosão de um barril de chope que matou um homem em Campo Bom, no Vale do Sinos, chocou pela fatalidade e reforça a cautela que se deve ter ao manusear este tipo de equipamento. A explosão ocorreu em um barril de inox, o tipo mais usual nos serviços de delivery de chope para eventos em casa, por exemplo. O sistema é diferente das chopeiras elétricas, que operam com barris menores, vendidos em supermercados.
Os acidentes envolvendo esse tipo de barril são raríssimos, segundo o presidente da Associação Gaúcha de Microcervejeiros, João Luis Giovanella. Ainda assim, exigem atenção dos consumidores. A entidade vem acompanhando o caso desde o início para entender como aconteceu a explosão. Um inquérito foi aberto pela Polícia Civil para apurar as causas. Por enquanto, o caso é tratado como acidente.
— O sistema tem camadas de proteção. O barril é feito pra explodir de forma segura, sem machucar ninguém, mas essa é a última alternativa. Alguma coisa estranha aconteceu. São raríssimos acidentes nesse assunto — diz Giovanella.
Apesar dos mecanismos de segurança, o mais importante é não mexer em nenhum elemento além da torneira e deixar eventuais ajustes com a empresa contratada. A ideia é que o usuário final não faça a instalação, apenas o utilize.
O técnico de refrigeração especializado em serviço de chope, Flamarion Pereira Pinto, explica que a operação como um todo vai além do barril. O sistema inclui cilindro de gás CO2 (responsável por empurrar o líquido), a válvula extratora conectada ao barril, o regulador de pressão, as mangueiras e a chopeira. São vários equipamentos envolvidos.
— O barril já vem com uma pressão mínima de gás dentro dele, junto com o chope. Mas é uma pressão controlada, que não vai exceder acima de uma pressão que pode vir a estourar. Há válvulas de segurança no relógio e na válvula extratora que vai em cima do barril. É bem difícil colocar tanta pressão, que possa ocasionar no que aconteceu — diz Pinto.
Em caso de qualquer avaria, como saída somente de espuma da máquina, a recomendação é entrar em contato com a empresa prestadora do serviço. Um dos maus usos, por exemplo, é mexer na pressão do gás.
— Tudo é a pessoa que presta o serviço que monta. Não se mexe em nada além da torneira – frisa o técnico.
A Associação Gaúcha de Microcervejeiros prepara uma campanha para evitar acidentes com as chopeiras. O projeto vinha sendo preparado antes mesmo da pandemia, mas ganhou novo sentido de urgência após a explosão em Campo Bom. O material deve ser lançado em outubro. Segundo Giovanella, vídeo e peças ilustrativas vão explicar sobre o funcionamento dos dispositivos e mostrar as formas de manuseio.
— A ideia é trabalhar na prevenção. Só do pessoal ter consciência do que está acontecendo ali já vai ser excelente. Querendo ou não, é um cilindro de gás comprimido, tem um potencial que às vezes não se para para pensar e trata de qualquer forma, deixa cair no chão, deixa perto de um fogão, por exemplo. É uma questão do pessoal entender que existe, sim, um risco. Então vamos respeitar esse equipamento — diz Giovanella.