O ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse na quinta-feira (19) que existem crianças com determinado grau de deficiência em que "é impossível a convivência em sala de aula" e defendeu o uso de salas especiais para esses alunos. A afirmação ocorreu após o titular da pasta dizer, em uma entrevista na semana passada, que estudantes com deficiência atrapalham os colegas de classe. As declarações de Ribeiro motivaram críticas, até que quinta-feira, ele se desculpou nas redes sociais.
— Nós temos 1,3 milhão de crianças com deficiência que estudam nas escolas públicas. Desse total, 12% têm um grau de deficiência em que é impossível a convivência — afirmou Ribeiro, em visita a Recife.
— O que o nosso governo fez? Ao invés de jogá-los em uma sala de aula simplesmente pelo inclusivismo, nós estamos criando salas especiais para que essas crianças possam receber o tratamento que merecem e precisam — acrescentou.
Na entrevista à TV Brasil, ele já havia feito a mesma crítica.
— O que é inclusivismo? A criança com deficiência é colocada dentro de uma sala de alunos sem deficiência. Ela não aprendia, ela "atrapalhava", entre aspas, essa palavra eu falo com muito cuidado, ela atrapalhava o aprendizado dos outros, porque a professora não tinha equipe, não tinha conhecimento para dar a ela atenção especial — afirmou à emissora.
Um decreto do presidente Jair Bolsonaro, de outubro do ano passado, incentiva a criação de salas e escolas especiais para crianças com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento, como autismo, e superdotação. O documento foi visto como um retrocesso nas políticas de inclusão no País e discriminatório, por abrir brechas para que os colégios passem a não aceitar estudantes nesse perfil. Em dezembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu suspender o decreto, em ação movida pelo PSB.
Em sua conta no Twitter, Ribeiro se desculpou pela fala na noite desta quinta.
"Inicio pedindo perdão a todos que sentiram-se ofendidos ou constrangidos com a forma como me expressei em relação aos nossos educandos especiais", disse.
"Algumas palavras foram utilizadas de forma não apropriada e não traduzem, adequadamente, o que eu quis expressar. Minha intenção foi referir-me quanto à dificuldade de desenvolvimento adequado de algumas crianças com deficiências em classes comuns", completou.