Esta quinta-feira (27) marca os exatos cem meses em que o Brasil acordou estarrecido com o incêndio que tirou a vida de 242 pessoas. Como ocorre tradicionalmente em datas marcantes, homenagens foram realizadas em frente à boate Kiss, na Rua dos Andradas, no centro de Santa Maria.
A Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) e o coletivo Kiss: que não se repita lançaram uma série de atividades que se estendem até o dia 1º de dezembro, para quando está previsto o início do julgamento dos quatro acusados pela tragédia. A campanha é chamada "100 meses sem justiça".
Os primeiros atos foram homenagens em frente à boate, com a soltura de 242 balões brancos. Além dos balões, outdoors foram colocados nas ruas de Santa Maria com a frase “Kiss 100 meses de impunidade” sobre fundo preto e a pergunta “Até quando esperar?”.
Também haverá mobilização pelas redes sociais, com a publicação de cards com as frases “Kiss 100 meses de luta”, “Kiss 100 meses de saudade”, “Kiss 100 meses de mobilização” e “Kiss 100 meses de resistência”.
Além disso, ao longo das semanas, serão realizadas lives e entrevistas com pais e mães de vítimas, sobreviventes e especialistas sobre as causas da tragédia. Vídeos com personalidades públicas pedindo por justiça serão divulgados. Também está previsto o lançamento de um de um novo documentário recontando a tragédia.
Segundo o presidente da AVTSM, Flávio Silva, além do pedido dos familiares por justiça, que se estende há oito anos e quatro meses, o objetivo da ação é remobilizar a comunidade:
— Com o passar do tempo, a população, que não sofreu na carne com essa dor que a gente vem sofrendo até hoje, por natureza, vai ficando meio anestesiada. E o intuito dessa campanha é trazer isso à tona para que a população venha conosco. O que mais precisamos, hoje, é a empatia, e precisamos conscientizar a população da importância dela para que seja feita justiça e para que tragédias como essa não aconteçam mais.
Os sócios da boate Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann e os músicos Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão são réus por homicídio doloso, quando há intenção de matar.