Após a repercussão do vídeo em que um grupo de pessoas aparece espancando um cavalo, um inquérito policial foi aberto, nesta sexta-feira (22), para apurar o envolvimento de cinco suspeitos — os quatro que aparecem nas agressões e a pessoa que as filmou. Para a chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, delegada Nadine Anflor, esse tipo de violência contra animais reflete também na relação entre as pessoas.
— Pessoas que agridem animais normalmente são violentas no geral, não só aos bichos, elas provavelmente terão conduta violenta contra pessoas também. Claro que é importante que a gente protege os animais, mas também precisamos abrir os olhos para esse dado. É algo muito significativo.
— Nos anos em que trabalhei na Delegacia da Mulher, via muito esse relato. Mulheres que eram agredidas por seus companheiros ou ex-companheiros também viam esses homens agredindo animais — lembra Nadine.
A delegada faz um alerta para que a população denuncie esse tipo de agressão.
— Não sabemos, por exemplo, quantas vezes um animal passou por aquilo. Por isso é importante que as pessoas gravem e filmem sempre que possível, e denunciem.
Conforme a chefe da Polícia Civil, ao longo do ano, a corporação irá desenvolver campanhas de conscientização para os maus-tratos contra animais, por meio de ações específicas, levando em consideração a "preocupação em relação ao perfil dos que maltratam animais, que as ações irão refletir na sociedade", destaca.
Desde setembro, uma lei prevê penas mais duras a quem maltrata cães e gatos — a nova legislação não se refere a outro tipo de animal. No Rio Grande do Sul, de 2016 a setembro de 2020, 66,84% dos processos por maus-tratos a animais, julgados pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJ-RS), não resultaram em condenações.