Um grupo de familiares e colegas de dois agentes da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo do Rio Grande do Sul (Fase) que morreram por coronavírus plantou duas árvores em homenagem a eles, nesta quarta-feira (2). As duas mudas de ipês foram plantadas em frente ao prédio do sindicato que representa os trabalhadores de fundações ligadas ao governo estadual, no bairro Azenha, em Porto Alegre.
Na quinta-feira (27), Júlio César Pavanelo Gonçalves, 60 anos, morreu após 22 dias internado no Hospital Ernesto Dornelles. Ele era servidor da instituição desde 2002.
— Essa homenagem foi uma forma de protesto, para que medidas mais enérgicas sejam tomadas. Eu trabalhei com o Júlio, por exemplo, e ele era muito querido e respeitados. Abalou muito todos os nossos colegas — declarou Edgar Costa Sperrhake, diretor do Semapi-RS.
O primeiro servidor a morrer pela doença foi João Batista Ramos de Freitas, 63 anos. O servidor ficou mais de 40 dias internado no Hospital São Lucas, da PUCRS. Ele atuava no Centro de Internação Provisória Carlos Santos (CIPCS) e faleceu em maio.
— O sindicato entrou com uma ação pedindo a testagem de todos os trabalhadores periodicamente. Ganhamos uma liminar em relação a esse pedido, mas o governo do Estado conseguiu cassar na semana passada. Nossa preocupação é que novos casos não ocorrem — disse o diretor.
Segundo a Fase, 373 funcionários estão afastados preventivamente por serem do grupo de risco. Na sede administrativa, os servidores atuam principalmente por teletrabalho. Alguns setores adotaram rodízio. Nas unidades de atendimento socioeducativo, os agentes trabalham de forma presencial, enquanto os analistas e o pessoal administrativo fazem uma escala de 50% presencial e 50% por teletrabalho.
A instituição disse ainda que observa os protocolos determinados pela Vigilância Sanitária das Secretarias Municipal e Estadual de Saúde, realizando teste PCR de funcionários que apresentarem sintomas. Os assintomáticos contactantes de quem testou positivo também são encaminhados para realização do teste PCR, de acordo com a instituição.
Medidas adotadas
Com a pandemia, a Fase suspendeu a visitação de familiares. Por meio de nota, a instituição elencou medidas sanitárias como a criação de grupos de trabalho e de um Comitê de Monitoramento responsável por ações relacionadas à covid-19. Além disso, todos os jovens que ingressam na instituição passam por uma em quarentena de 14 dias, assim como aqueles que já cumprem medida socioeducativa e apresentam sintomas gripais.
A Fase lamentou a morte de Gonçalves, ocorrida na semana passada. Leia a íntegra:
A Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH) e a Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase) lamentam o falecimento de Júlio César Pavanelo Gonçalves. Julio tinha 60 anos, era servidor da FASE desde 2002 e atuava como agente socioeducador da Comunidade Socioeducativa (CSE).
O servidor apresentou os sintomas da Covid-19 no dia 1º de agosto, sendo afastado do trabalho na mesma data. Internado desde o dia 5 de agosto no Hospital Ernesto Dornelles, faleceu na quinta-feira (27). Manifestamos nosso mais sincero pesar aos familiares e a todos os colegas de trabalho.
A SJCDH e a FASE reforçam que estão seguindo todas as medidas necessárias para a prevenção ao contágio do novo coronavírus.