A morte, por covid-19, de um dos servidores mais antigos gerou um alerta na Fundação de Atendimento Sócio-Educativo do Rio Grande do Sul (Fase). O agente socioeducativo João Batista Ramos de Freitas morreu na segunda-feira (18), após mais de 40 dias internado no Hospital São Lucas, da PUCRS. Ele atuava no Centro de Internação Provisória Carlos Santos (CIPCS), que já registrou outros 10 servidores com teste positivo para coronavírus nos últimos 40 dias, além de dois adolescentes internados lá. Outros dois funcionários da Fase foram contaminados, em outras unidades da Capital.
O Semapi-RS, sindicato que representa os trabalhadores de fundações ligadas ao governo estadual, considera que existe um surto de covid-19 nessa unidade da Fase e cobra do governo medidas para evitar a propagação por outros locais da fundação. A principal medida seria a ampliação de testes para presença do vírus entre trabalhadores e internos. De acordo com o sindicato, só quem apresenta sintomas é testado.
— O número de contaminações pode ser bem maior, porque vários servidores fizeram testes que ainda não estão prontos. Alguns indicaram covid-19 por meio de lesões demonstradas em tomografia. Além do Batista, que faleceu, outra colega ficou na UTI, mas já se recuperou — informa Edgar Costa Sperrhake, diretor do Semapi.
Os demais funcionários não apresentaram sintomas. Dois adolescentes testaram positivo também. Preocupa ainda a situação dos familiares dos servidores. O filho de um deles faleceu após um AVC e o diagnóstico foi de consequências do coronavírus.
O Semapi ressalta que a Fase tem como principal característica o trabalho em confinamento, mais sujeito a doenças. Por isso, encaminhou há cerca de 15 dias um ofício para a direção da Fase, para a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH), para a Vigilância Sanitária estadual e do município de Porto Alegre e para o Ministério Público do Trabalho, com cobrança de providências contra propagação do vírus. A ênfase é que o local é muito insalubre e exige contato físico entre servidores e internos. Sperrhake está convencido que um servidor passou o vírus para o outro, por força da característica do trabalho que fazem.
Em 6 de maio a presidência da Fase confirmou a existência de um surto na unidade Carlos Santos, mas considerou que já estava sob controle. Na época eram três servidores com diagnóstico positivo para covid-19, além dos dois internos. Agora já são 11 os funcionários contaminados, mas a fundação diz que já se recuperaram.
A fundação considera que o surto já passou e todos os diagnósticos dizem respeito ao passado. Informa também que só testa funcionários com sintomas por que essa é a orientação dos sanitaristas que combatem o coronavírus. E assegura que adotou medidas preventivas:
— Suspendeu com autorização judicial a visitação por parte de familiares, garantindo o contato por meio de ligações telefônicas e chamadas de vídeo.
— Padronizou rotinas de higienização pessoal, de espaços físicos e objetos, nos moldes das determinações da Organização Mundial de Saúde.
— Forneceu e está adquirindo equipamentos de proteção individual e proteção respiratória em número suficiente para o atendimento seguro.
— Adquiriu termômetros para medição de temperatura.
— Realiza audiências por videoconferência, para evitar contato físico.