A forte chuva que atingiu o Estado nas últimas horas, consequência de um ciclone extratropical, causou elevação no nível dos rios em diferentes regiões. O Vale do Taquari é uma das mais afetadas devido à cheia do Rio Taquari e de arroios da região.
Ao menos 330 famílias estão fora de casa, segundo levantamento de GaúchaZH - e o número pode subir ao longo do dia, porque a Defesa Civil trabalha na remoção de moradores.
Encantado tem a situação mais grave, com cerca de cem famílias fora de casa — a maioria do bairro Navegantes. Cerca de 30 famílias que estão no Parque de Eventos do município e as demais, em casas de amigos e parentes.
— A situação é muito preocupante. Estamos com caminhões de vários municípios nos ajudando. Não sei se vai dar para remover tudo, salvar tudo o que as famílias têm — diz o prefeito, Adroaldo Conzatti.
Em Muçum, são pelo menos 80 famílias fora de casa, mas o número deve subir ao longo do dia. Os bairros mais afetados são Centro, São José e Fátima.
Segundo a Defesa Civil, esta é provavelmente a maior enchente da história do município, superando a de 2001. Imagens da cidade mostram a água do Rio Taquari invadindo ruas e bloqueando o deslocamento.
— Metade da cidade está trancada. Vias principais estão bloqueadas, não tem como passar. Seguiremos trabalhando ao longo do dia — diz o coordenador da Defesa Civil da cidade, Douglas Pessi.
Em Lajeado, a situação também preocupa: 48 famílias estão abrigadas no ginásio do Parque do Imigrante desde a noite passada, a maioria da área central. O prefeito Marcelo Caumo acompanhou a remoção das famílias até por volta das 3h.
— A grande dificuldade é o grande volume de chuva nas cabeceiras do Rio Taquari, então é uma cheia que vem com muita dificuldade e intensidade. Agora de manhã, há um "congestionamento" de pessoas procurando os caminhões da prefeitura para colocar os móveis — conta.
Na região, preocupa a situação de rios da Serra e da área norte do Estado. Como desaguam no Taquari, eles podem registrar elevação mesmo com a chuva mais calma.
Também em Lajeado, uma mulher que dirigia pelo centro da cidade não percebeu a cheia no Arroio Saraquá e perdeu o controle do veículo, que caiu na água. O caso aconteceu por volta das 6h desta quarta-feira, na Rua Arnoldo Uhry.
A motorista se segurou pela porta do veículo e começou a gritar por socorro. Vizinhos viram o carro na água e acionaram a Brigada Militar e os Bombeiros, que realizaram o resgate com apoio de uma corda. A mulher foi encaminhada para atendimento médico por conta de hipotermia, mas as informações são de que não teve ferimentos mais graves.
Já em Arroio do Meio, 80 famílias foram removidas, e outras devem sair ao longo da manhã. Os bairros mais afetados são Centro, Navegantes, São José, Aimoré, Bela Vista, localidades de Forqueta Baixa e Cascalheira e o distrito de Palmas. As famílias estão abrigadas em ginásios municipais. Há diversas ruas alagadas, porque o Rio Taquari subiu 14 metros.
— Há diversas ruas interditadas na área central e no interior. Nos abrigos, existe uma preocupação com o distanciamento, até porque uma família já estava sendo monitorada para o coronavírus. Por isso temos dois abrigos — explica o prefeito, Klaus Werner Schnack.
Em Estrela, a Defesa Civil trabalha na remoção de 11 famílias nesta manhã – até as 7h, eram cinco em abrigos e seis em casas de familiares e amigos. A retirada é feita preventivamente, porque a água ainda não chegou nas casas. Além disso, cinco famílias foram retiradas de casa em Taquari e cerca de dez em Colinas.
Em Teutônia e em Bom Retiro do Sul, não foi necessário remover moradores ainda, mas há alagamentos e vias bloqueadas pela água.
Nível dos rios preocupa
Os principais rios seguem em elevação em praticamente todas as estações monitoradas nas bacias da metade norte do Estado. Segundo a Sala de Situação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), o destaque é para os rios Taquari, das Antas, Caí, Sinos, Gravataí e Ijuí, que estão acima dos leitos de inundação e devem seguir em elevação nas próximas horas.
No caso dos rios Taquari e Caí, já há inundações de grandes proporções, sem previsão de estabilização nas próximas horas. Na estação Muçum, o Rio Taquari marcava 19,5 metros às 6h, quando o normal é 2 metros. Na estação Barca do Caí, a medição do Rio Caí chegava a 11,2 metros, quando o normal é 2 metros.
Famílias ilhadas
A Defesa Civil de Maquiné estima que pelo menos mil pessoas estejam isoladas no município em função da alta do Rio Maquiné. Sao ao menos 80 pessoas desabrigadas e desalojadas.
— O número ainda pode aumentar na medida em que muitas localidades ficaram sem comunicação e saberemos no decorrer do dia, após os trabalhos de campo e restabelecimento da comunicação — explica a coordenadora da Defesa Civil de Maquiné, Natavie de Cesaro Kaemmerer.