A Polícia Civil investiga um possível esquema de prostituição na festa que foi cancelada por autoridades na madrugada do sábado (23), em Eldorado do Sul, na Região Metropolitana.
O evento, anunciado como a maior festa clandestina do Brasil, foi organizado pelas redes sociais e exigia o máximo de sigilo aos participantes. Há informações de que mulheres que foram levadas ao local de van e de ônibus teriam sido contratadas para fazer programas com clientes.
Inicialmente, dois homens identificados como organizadores da festa foram conduzidos pela polícia para prestar esclarecimentos e foram enquadrados em crime contra a saúde pública, previsto no artigo 268, que tem sido muito aplicado para quem desrespeita normas de distanciamento durante a pandemia: "Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa".
Mas todas pessoas que estavam no local foram identificadas e podem ser chamadas a depor. A partir da apuração, que prossegue, mais pessoas podem responder a procedimento policial e judicial. Se ficar comprovada situação de prostituição, os responsáveis podem responder pelos crimes previstos nos artigos 229 ou 230 do Código Penal, a depender ainda da apuração.
A partir de comentários postados em redes sociais, de que a festa teria continuado depois da ação policial e que ainda ocorreria em outros dias, policiais civis e militares estiveram no local novamente na madrugada deste domingo (24) e no local em que ocorreu o embarque de mulheres na sexta-feira, mas nenhuma movimentação foi verificada.
O evento foi impedido a partir da atuação da Polícia Civil e da Brigada Militar. Setores de inteligência das duas corporações receberam denúncias sobre a festa e articularam uma ação conjunta, que incluiu o monitoramento do embarque de mulheres na van e no ônibus no Largo Zumbi dos Palmares, no bairro Cidade Baixa.
Os veículos foram seguidos por policiais. A festa ocorreria nas dependências de uma pousada, no Parque Eldorado, onde estavam instalados sistema de som e de iluminação. Imagens feitas por policiais mostraram as bebidas que seriam servidas no local.
Os policiais envolvidos na ação ficaram impressionados com a falta de cuidados sanitários no local.
— Era como se não estivéssemos enfrentando uma pandemia. Não havia máscaras, álcool gel, luvas, nada — ressaltou o delegado Mário Souza, titular da 2ª Delegacia Regional Metropolitana.
Um grupo de WhatsApp com 107 membros e um perfil fechado no Instagram com cem seguidores serviram como lista de convidados. Apenas pessoas incluídas nessas duas plataformas teriam acesso ao transporte. Mas a polícia já sabe que teve participantes que foram para o local com veículos particulares.
"Trata-se de uma reunião de amigos, em uma propriedade particular, sem fins lucrativos. Não obstante, sabemos que o momento divide opiniões. Para evitar desgaste ou qualquer tentativa de impedimento é importante essa cautela", dizia uma das mensagens enviadas no grupo.
Apesar do recado sobre fins lucrativos, policiais apuram informações de que havia um preço fixo relacionado a por quantos dias a pessoa participaria do evento, que foi anunciado com duração de um a três dias.
A investigação será conduzida pelo delegado Rodrigo Fuchshuber Caldas, que é titular da 3ª Delegacia de Polícia de Canoas e responde pela delegacia de Eldorado do Sul.